|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Febraban será liderada por executivo profissional
Principais banqueiros do país resistem a assumir a presidência da federação
Entidade entrou em atrito com o governo por pressões para reduzir o "spread" bancário; diretoria atual será mantida por outro ano
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma sucessão embolada pela frente, os bancos brasileiros decidiram "profissionalizar" o comando da Febraban,
um sindicato patronal e organização de classe criado para defender os interesses comuns
das instituições financeiras.
A ideia é contratar um executivo de prestígio com trânsito
entre diferentes bancos e no
governo. Até que as mudanças
sejam implementadas, a proposta é manter o atual mandato
da diretoria por mais um ano.
O mandato do atual presidente da federação, Fabio Barbosa, terminava agora em abril
e ele havia comunicado aos colegas que pretendia se dedicar,
exclusivamente, ao Santander,
banco que está em processo de
fusão com o Real.
Nenhum dos principais banqueiros brasileiros se dispunha
a enfrentar a missão de comandar a entidade, que nos últimos
anos entrou em rota de colisão
com o governo federal por conta da cobrança de tarifas,
"spread" alto (diferença entre
os juros captados e os repassados ao consumidor) e margens
de ganhos com cartões.
Um antigo acordo entre os
bancos privados -jamais confirmado pelos banqueiros- fazia com que a presidência da
Febraban fosse alternada, em
sistema de rodízio, entre os
bancos privados nacionais e estrangeiros. Como as últimas
três presidências foram de Itaú,
Bradesco e Real/Santander,
nessa ordem, seria novamente
a vez de o Itaú assumir o posto.
Questionado pela Folha no final de fevereiro se voltaria a
presidir a Febraban, Roberto
Setubal, presidente do Itaú
Unibanco, disse que o assunto
estava "sendo endereçado".
Além de Setubal, falava-se à
época que poderiam assumir o
posto na Febraban o presidente do conselho do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, e Geraldo Carbone, vice-presidente
encarregado da operação de varejo. Os três, porém, estavam
bastante envolvidos com a fusão entre Itaú e Unibanco, que
chegou à rede de agências.
Para chegar à Febraban, o indicado precisa fazer parte do
conselho de um dos bancos.
Segundo a Febraban, a diretoria-executiva irá discutir e
definir uma proposta de profissionalização de sua gestão, como acontece em associações de
outros países. "Uma vez aprovada, será iniciado um processo de seleção de um executivo
para cumprir as funções normalmente destinadas ao presidente da federação", informou.
A federação argumenta que
houve uma mudança importante em suas funções nos últimos anos, com a criação de novas estruturas internas, como
de autorregulação e de educação financeira, o que exige mais
dedicação de tempo por parte
da diretoria.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Crise ameaça Estado de bem-estar e expõe atritos na Alemanha Índice
|