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PRIVATIZAÇÃO
FHC adia por ao menos 15 dias decisão sobre modelo de venda da estatal de energia, que lucrou R$ 540 mi em 2000
Pressão política adia decisão sobre Furnas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso adiou por pelo menos 15 dias a decisão sobre a forma de privatizar Furnas Centrais
Elétricas, empresa que lucrou R$
540 milhões no ano passado e é
responsável por 43% do mercado
da venda de energia no país.
Havia a expectativa de que FHC
anunciasse ontem o cronograma
e o modelo de venda de Furnas.
Mas ele adiou a decisão por duas
razões principais -uma política
e outra técnica-financeira.
A Folha apurou que FHC está
decidido a vender Furnas, mas
ainda não se convenceu de qual
seria a melhor fórmula. A idéia é
escolher um modelo de privatização que possa propiciar ganhos
políticos perante a sociedade antes da eleição presidencial do ano
que vem.
FHC teme também que, no momento em que o país enfrenta
uma crise energética, a venda de
Furnas venha a se tornar um símbolo ruim contra a sua administração no ano que vem.
O presidente tenta, desde o ano
passado, reduzir as resistências à
venda de Furnas, principalmente
de políticos mineiros. Ele também
está convencido de que a área
energética foi mal administrada
durante seus dois mandatos e
acredita que dificilmente a privatização trará melhorias imediatas
ao setor, que enfrenta demanda
crescente e oferta comprimida.
Ontem, FHC se reuniu por quase três horas com vários integrantes da equipe econômica, assessores palacianos e o presidente de
Furnas, Luiz Carlos Santos -ex-ministro de Assuntos Políticos
(96-98).
"Essa reunião ainda não terminou. O presidente vai analisar as
diferentes propostas", disse o ministro Alcides Tápias (Desenvolvimento), logo após sair da reunião. Tápias foi escalado para ser
o porta-voz oficial do encontro.
Também participaram da reunião com FHC os ministros Pedro
Malan (Fazenda), José Jorge (Minas e Energia), Pedro Parente
(Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral).
Entre os representantes de órgãos técnicos estavam no encontro o presidente do BNDES, Francisco Gros, e o diretor-geral da
Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), José Mário Abdo.
Todos os presentes se declararam favoráveis à venda de Furnas,
de forma pulverizada. O modelo
de pulverização foi apresentado
em maio do ano passado pelo
presidente da estatal.
A venda pulverizada é semelhante ao modelo utilizado pela
Grã-Bretanha nos anos 80, quando estava no poder a primeira-ministra Margaret Thatcher (do
partido conservador). Trata-se de
uma fórmula em que o governo
incentiva a maior parcela possível
da população a comprar ações.
A grande divergência técnica-financeira é sobre qual parte da
empresa deve ser vendida: se apenas uma parte (a de geração de
energia) ou a empresa completa
(geração e transmissão).
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