São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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Febraban quer mais crédito para imóveis

Essa é uma das preocupações do novo presidente da entidade, Fabio Barbosa, que tomou posse ontem

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio a elogios à política econômica, o presidente do ABN Amro no Brasil, Fabio Barbosa, assumiu ontem a presidência da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Ele substitui Marcio Cypriano, presidente do Bradesco. É a primeira vez que a entidade será comandada por um executivo de uma instituição financeira internacional.
A julgar pela cerimônia de posse, ocorrida na capital paulista, a elevação da oferta de crédito será uma das principais preocupações da gestão de Barbosa -em especial, o crédito imobiliário.
"Deverá crescer quase 50% entre 2004 e 2007, contra redução de 4% ao ano entre 2001 e 2004. Temos convicção de que a tendência é de expansão do crédito. A continuidade da estabilidade econômica levará à redução das taxas de juros real e nominal, dando assim condições a mais gente e a mais empresas de buscar créditos por prazos mais longos e a taxas mais baixas, impulsionando a economia."
Em outros países, lembrou o novo presidente da Febraban, o crédito imobiliário chega a 70% do total de empréstimos realizados pelo sistema financeiro.
Nem tudo, porém, são flores no caso de financiamentos para a aquisição de imóveis. Durante entrevista concedida pouco antes da solenidade de posse, Barbosa admitiu que há questões a serem resolvidas: estímulo fiscal, crédito direcionamento, garantias, poupança, TR (Taxa Referencial), securitização etc.
"É preciso fazer com que as instituições funcionem. Para isso, precisamos mexer em estruturas arcaicas", resumiu Gabriel Jorge Ferreira, que assumiu ontem a presidência da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras).
Outro ponto importante a ser observado é a disputa com os cartórios, que abocanham até 10% do custo total de um imóvel, e com a Caixa Econômica Federal. Dos R$ 14 bilhões direcionados a empréstimos para o setor imobiliário, ela respondeu por quase metade do valor -R$ 6 bilhões foram repasses feitos pela Caixa.
Dados apresentados por Barbosa mostram que a relação entre o PIB (Produto Interno Bruto) e a oferta de empréstimos pelas instituições privadas passou de 21% para 30% entre 2002 e 2006. O prazo médio dos financiamentos, por sua vez, aumentou de 227 para 300 dias no período.

Conselho
Barbosa informou que pretende criar um conselho consultivo. O grupo deverá funcionar ainda em 2007 e será composto de executivos das finanças e líderes empresariais.
O objetivo, disse o novo presidente da Febraban, é formalizar um canal de comunicação com o governo para discutir pendências antigas. Na lista estão compulsório, carga fiscal, crédito direcionado, custos e cadastro positivo.

Meirelles
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o Brasil segue em boa trilha para a expansão econômica. "Estamos no caminho, agora é necessário andar mais rápido", disse ele, que participou da cerimônia de posse da nova diretoria da Febraban.
Quanto à taxa de câmbio, que ontem caiu para R$ 2,025 (a menor desde 5 de março de 2001), Meirelles manteve posição lacônica. "Nosso objetivo é assegurar o melhor funcionamento possível do câmbio."
Segundo o presidente do BC, a diretoria da autoridade monetária apresentou medidas para aperfeiçoar o sistema de gestão das reservas internacionais. Ele também considerou que a comunicação do BC com o mercado "é muito bem-sucedida", pois sua principal responsabilidade é a "coordenação de expectativas".


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