São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Inflação desanima investidor, e Bolsa cai 1,65%

Dólar, que já recuou 3,65% neste mês, fecha a R$ 1,689

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo operou no vermelho praticamente durante todo o pregão de ontem. O cenário desfavorável nos mercados acionários pelo mundo não deu espaço para a Bovespa ter um dia de ganhos. No fim do pregão, a Bovespa marcava 63.476 pontos, em queda de 1,65%.
Além de o mercado internacional não colaborar, o resultado da inflação medida pelo IPCA (0,48% em março) desagradou ao investidor. A pressão inflacionária deve levar o Copom a subir a Selic -juro maior costuma ser prejudicial à Bolsa, por tornar as aplicações de renda fixa mais atraentes.
O bom desempenho que a Bovespa vinha mantendo neste início de mês -registrava valorização de 5,86% até terça-feira- levou investidores a se desfazerem de ações que haviam subido nesses últimos pregões. Agora, a Bolsa paulista tem alta de 4,12% no mês.
Resultados e notícias ruins do setor corporativo nos EUA esfriaram as Bolsas de Valores no país. O índice Dow Jones, que reúne as ações norte-americanas mais representativas, terminou com baixa de 0,39% ontem. A Bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 1,13%.
Sem dados positivos, os investidores têm reavaliado suas projeções para os resultados de muitas companhias americanas de capital aberto e vendido ações de suas carteiras. Um dos reflexos desse movimento é a desvalorização de 5,56% acumulada pela Bolsa de Nova York em 2008.
E, se os Estados Unidos realmente entrarem em recessão, como é temido, o cenário só tende a piorar, pois deve representar queda ainda maior no consumo, na produção e no lucro das empresas.
O mercado acionário europeu também encerrou as atividades de ontem em baixa: em Paris, a Bolsa perdeu 0,77%; em Frankfurt, baixa de 0,75%; e Londres caiu 0,11%.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, recuou 1,05%.
Mesmo não tendo conseguido se distanciar do mercado internacional ontem, a Bovespa aparece entre as Bolsas que têm menos sofrido no ano. O índice Ibovespa registra desvalorização de 0,64% em 2008. A Bolsa de Londres, por exemplo, tem queda acumulada de 7,18% no período, e a de Tóquio amarga perdas de 14,34%.
No pregão da Bovespa de ontem, houve quedas expressivas em papéis de setores diversos.
A ação ON (ordinária) da Cosan foi a do Ibovespa que mais caiu, ao registrar perdas de 5,95%. Outras ações que tiveram quedas de destaque foram TIM Participações PN (-4,13%) e Braskem PNA (-4,08%).
Entre os papéis de companhias brasileiras que encerraram ontem com ganhos, chamaram a atenção Natura ON (3,82% de alta) e Telemig Participações ON (1,28%).

Dólar para baixo
O fortalecimento do cenário de elevação da Selic, após a alta do IPCA, tem favorecido a continuidade da queda do dólar.
O que se viu no mercado de câmbio ontem foi o dólar registrar seu 7º pregão seguido de depreciação diante do real. A moeda americana encerrou o dia vendida a R$ 1,689, com recuo de 0,41%. No mês, o dólar tem desvalorização de 3,65%.
Enquanto os juros estão em queda nos Estados Unidos, por aqui o movimento que se desenha é inverso. Dessa forma, apenas aumenta a atratividade do mercado brasileiro para o capital externo, ávido por ganhos mais substanciais que os oferecidos nos grandes centros financeiros mundiais. E a entrada de dólares no país reforça a rota de baixa da cotação da moeda norte-americana.


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