São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Com US$ 4,5 bi, Brasil entra no "clube de credores" do FMI

País ingressa em grupo que fornece verba ao Fundo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil voltará a integrar o grupo de países-membros do FMI (Fundo Monetário Internacional) que fornecem dinheiro para operações de socorro a nações em dificuldades financeiras.
Fora da lista desde 1982, ano em que declarou moratória na dívida externa, o Brasil se comprometeu a usar uma parcela, que não chegará a US$ 4,5 bilhões, dos quase US$ 200 bilhões das reservas internacionais para dar dólares ou outra moeda forte ao FMI.
"Não vamos colocar esse dinheiro agora. Será quando o Fundo solicitar. Agora nós estamos só entrando no clube de credores do FMI", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda), que anunciou a decisão.
A cada trimestre, o FMI calcula quanto emprestará e quanto receberá dos países associados ao organismo. Se falta dinheiro para novos financiamentos, o Fundo recorre ao 47 países que são seus fornecedores de recursos.
Na lista, estão de Estados Unidos e Reino Unido a Trinidad e Tobago e Botsuana. Cada país contribui com um percentual equivalente à participação que tem no capital total do FMI. O Brasil irá participar com o equivalente a 1,7% do saldo que precisar ser coberto a cada trimestre.
O limite máximo de gasto será de US$ 4,5 bilhões, a cota brasileira no Fundo, mas, na prática, o teto não será atingido. Em nota à imprensa, o Ministério da Fazenda explicou que "os montantes fornecidos pelos participantes são tipicamente muito inferiores às suas cotas".

Reservas
Apesar de o dinheiro sair das reservas internacionais, não haverá redução no valor total. É que, ao mesmo tempo em que transfere dinheiro para o FMI, o país se torna credor do Fundo e tem direito a receber seu dinheiro de volta no momento em que solicitar.
O FMI paga juros aos países que são doadores de recursos. Nos últimos meses, o percentual ficou próximo a 0,42%.
Para o ministro Guido Mantega, a medida terá impacto econômico. "Isso vai viabilizar crédito para os países emergentes que estão com problemas, portanto ajuda a ativar a economia mundial. Isso ajudará o Brasil também, pois esses países vão ter mais recursos para importar mercadorias, vão fazer investimento", disse.
A participação do Brasil no financiamento do FMI ainda pode aumentar. É que, além de voltar a fazer parte do grupo de nações que repassam recursos ao Fundo Monetário, o país pode também decidir aportar dinheiro extra.

G20
Os países do G20 (grupo que reúne as principais economias mundiais), durante encontro em Londres na semana passada, decidiram colocar US$ 250 bilhões à disposição do FMI para novos empréstimos. Ainda não foi decidido qual será a participação de cada um e como será feito. Mas o Brasil já se comprometeu a ajudar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encontro, chegou a dizer que seria "chique" caso o Brasil ficasse numa posição credora em relação ao Fundo.


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