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Com US$ 4,5 bi, Brasil entra no "clube de credores" do FMI
País ingressa em grupo que fornece verba ao Fundo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil voltará a integrar o
grupo de países-membros do
FMI (Fundo Monetário Internacional) que fornecem dinheiro para operações de socorro a
nações em dificuldades financeiras.
Fora da lista desde 1982, ano
em que declarou moratória na
dívida externa, o Brasil se comprometeu a usar uma parcela,
que não chegará a US$ 4,5 bilhões, dos quase US$ 200 bilhões das reservas internacionais para dar dólares ou outra
moeda forte ao FMI.
"Não vamos colocar esse dinheiro agora. Será quando o
Fundo solicitar. Agora nós estamos só entrando no clube de
credores do FMI", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda), que anunciou a decisão.
A cada trimestre, o FMI calcula quanto emprestará e
quanto receberá dos países associados ao organismo. Se falta
dinheiro para novos financiamentos, o Fundo recorre ao 47
países que são seus fornecedores de recursos.
Na lista, estão de Estados
Unidos e Reino Unido a Trinidad e Tobago e Botsuana. Cada
país contribui com um percentual equivalente à participação
que tem no capital total do
FMI. O Brasil irá participar
com o equivalente a 1,7% do
saldo que precisar ser coberto a
cada trimestre.
O limite máximo de gasto será de US$ 4,5 bilhões, a cota
brasileira no Fundo, mas, na
prática, o teto não será atingido. Em nota à imprensa, o Ministério da Fazenda explicou
que "os montantes fornecidos
pelos participantes são tipicamente muito inferiores às suas
cotas".
Reservas
Apesar de o dinheiro sair das
reservas internacionais, não
haverá redução no valor total. É
que, ao mesmo tempo em que
transfere dinheiro para o FMI,
o país se torna credor do Fundo
e tem direito a receber seu dinheiro de volta no momento
em que solicitar.
O FMI paga juros aos países
que são doadores de recursos.
Nos últimos meses, o percentual ficou próximo a 0,42%.
Para o ministro Guido Mantega, a medida terá impacto
econômico. "Isso vai viabilizar
crédito para os países emergentes que estão com problemas,
portanto ajuda a ativar a economia mundial. Isso ajudará o
Brasil também, pois esses países vão ter mais recursos para
importar mercadorias, vão fazer investimento", disse.
A participação do Brasil no financiamento do FMI ainda pode aumentar. É que, além de
voltar a fazer parte do grupo de
nações que repassam recursos
ao Fundo Monetário, o país pode também decidir aportar dinheiro extra.
G20
Os países do G20 (grupo que
reúne as principais economias
mundiais), durante encontro
em Londres na semana passada, decidiram colocar US$ 250
bilhões à disposição do FMI para novos empréstimos. Ainda
não foi decidido qual será a participação de cada um e como será feito. Mas o Brasil já se comprometeu a ajudar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encontro,
chegou a dizer que seria "chique" caso o Brasil ficasse numa
posição credora em relação ao
Fundo.
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