São Paulo, sexta, 10 de abril de 1998

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LUÍS NASSIF
A privatização da(s) Eletropaulo(s)

O consórcio que arrematar uma das quatro empresas resultantes da divisão da Eletropaulo vai encontrar uma companhia em bom estado. Não será nenhuma Brastemp, mas uma boa companhia. A opinião é do presidente da companhia, Eduardo José Bernini.
De todas as estatais paulistas, a Eletropaulo foi a que mais atrasou seu programa de ajuste no governo Covas. Os dois primeiros anos foram ocupados com a revisão de contratos e com apuração de atos da administração passada, deixando-se de lado a reestruturação e a retomada dos investimentos.
O resultado foi a degradação dos indicadores de qualidade em 1995 e 1996. Em março de 1995, o tempo médio de interrupção era de três horas. Em 1996, aumentou para quatro horas. Em março de 1997, retornou para três horas. Em 1998, chegou a duas horas e 17 minutos.
Nesse período, o programa de incentivo à aposentadoria logrou incentivar 7.200 aposentadorias. Em 1997 foram contratados 1.283 eletricistas. Com isso, o quadro de funcionários caiu de 24 mil para 18 mil, mas o percentual de funcionários na área operacional subiu de 24% em 1994 para 47% em 1997. A aposentadoria, além disso, permitiu renovação nos quadros gerenciais. Havia gerentes há mais de 30 anos na mesma função.
Outra vantagem que os compradores encontrarão -segundo Bernini- é a retomada do conjunto de obras incompletas, iniciadas entre 1992 e 1994. O saldo de obras em andamento monta a R$ 2 bilhões.
Os compradores já terão mapeadas as necessidades de investimentos. Isso não ocorreu com a Cerj, diz Bernini. Depois da aquisição da Cerj é que procedeu-se ao levantamento das áreas críticas, identificando-se seis subestações críticas para investir. A crise veio antes de se atacar o problema.
A privatização
Serão quatro companhias, para as quais se habilitaram oito consórcios compradores.
A Eletropaulo Metropolitana inclui a distribuição na Cidade de São Paulo e no ABC e teve preço mínimo fixado de R$ 2 bilhões.
A Empresa Bandeirante de Energia abrange o Vale do Paraíba, Baixada Santista, Jundiaí e Sorocaba, com preço mínimo de R$ 1 bilhão.
A EPTE, Empresa Paulista de Transporte de Energia Elétrica, cuidará da transmissão e será entregue a um Agente Operador do Sistema, com papel regulador. Preço mínimo de R$ 148 milhões.
A Emae, Empresa Metropolitana de Águas e Energia, administrará a geração, basicamente da Usina Henry Borden, de duas usinas no rio Tietê e da usina térmica de Piratininga.
Nesta semana houve o anúncio da habilitação das empresas homologadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Dia 8 vence o prazo para a apresentação de recursos dos inabilitados. Na segunda-feira haverá a entrega das garantias, correspondentes a 10% do preço mínimo.
Desempenho
De acordo com os indicadores da Aneel, as duas melhores distribuidoras são Cesp e CPFL. Logo a seguir, Eletropaulo, Cemig e Copel. No terceiro grupo, Light, Cerj e Excelsa. No quarto, as empresas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com exceção da Coelba, que tem desempenho melhor.
Light e Furnas
Um dos problemas centrais na crise de energia do Rio foi a redução do fornecimento de Furnas. Quando a oferta reduz, há a necessidade de cortes seletivos de energia, para evitar o colapso geral do sistema.
Muito do que ocorreu no Rio foi devido a esse corte seletivo. A Light ameaçou denunciar Furnas. Acabou recuando porque também não se desverticalizou e tinha responsabilidade na substituição de algumas subestações. Decidiu-se lavar roupa suja em casa.

E-mail: lnassif@uol.com.br



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