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LUÍS NASSIF
A privatização da(s) Eletropaulo(s)
O consórcio que arrematar
uma das quatro empresas resultantes da divisão da Eletropaulo vai encontrar uma
companhia em bom estado.
Não será nenhuma Brastemp,
mas uma boa companhia. A
opinião é do presidente da
companhia, Eduardo José
Bernini.
De todas as estatais paulistas, a Eletropaulo foi a que
mais atrasou seu programa de
ajuste no governo Covas. Os
dois primeiros anos foram
ocupados com a revisão de
contratos e com apuração de
atos da administração passada, deixando-se de lado a
reestruturação e a retomada
dos investimentos.
O resultado foi a degradação dos indicadores de qualidade em 1995 e 1996. Em março de 1995, o tempo médio de
interrupção era de três horas.
Em 1996, aumentou para quatro horas. Em março de 1997,
retornou para três horas. Em
1998, chegou a duas horas e 17
minutos.
Nesse período, o programa
de incentivo à aposentadoria
logrou incentivar 7.200 aposentadorias. Em 1997 foram
contratados 1.283 eletricistas.
Com isso, o quadro de funcionários caiu de 24 mil para 18
mil, mas o percentual de funcionários na área operacional
subiu de 24% em 1994 para
47% em 1997. A aposentadoria, além disso, permitiu renovação nos quadros gerenciais.
Havia gerentes há mais de 30
anos na mesma função.
Outra vantagem que os
compradores encontrarão
-segundo Bernini- é a retomada do conjunto de obras
incompletas, iniciadas entre
1992 e 1994. O saldo de obras
em andamento monta a R$ 2
bilhões.
Os compradores já terão
mapeadas as necessidades de
investimentos. Isso não ocorreu com a Cerj, diz Bernini.
Depois da aquisição da Cerj é
que procedeu-se ao levantamento das áreas críticas,
identificando-se seis subestações críticas para investir. A
crise veio antes de se atacar o
problema.
A privatização
Serão quatro companhias,
para as quais se habilitaram
oito consórcios compradores.
A Eletropaulo Metropolitana inclui a distribuição na
Cidade de São Paulo e no
ABC e teve preço mínimo fixado de R$ 2 bilhões.
A Empresa Bandeirante de
Energia abrange o Vale do
Paraíba, Baixada Santista,
Jundiaí e Sorocaba, com preço mínimo de R$ 1 bilhão.
A EPTE, Empresa Paulista
de Transporte de Energia Elétrica, cuidará da transmissão
e será entregue a um Agente
Operador do Sistema, com
papel regulador. Preço mínimo de R$ 148 milhões.
A Emae, Empresa Metropolitana de Águas e Energia,
administrará a geração, basicamente da Usina Henry Borden, de duas usinas no rio
Tietê e da usina térmica de
Piratininga.
Nesta semana houve o
anúncio da habilitação das
empresas homologadas pela
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica). Dia 8 vence
o prazo para a apresentação
de recursos dos inabilitados.
Na segunda-feira haverá a
entrega das garantias, correspondentes a 10% do preço mínimo.
Desempenho
De acordo com os indicadores da Aneel, as duas melhores distribuidoras são Cesp e
CPFL. Logo a seguir, Eletropaulo, Cemig e Copel. No terceiro grupo, Light, Cerj e Excelsa. No quarto, as empresas
do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com exceção da
Coelba, que tem desempenho
melhor.
Light e Furnas
Um dos problemas centrais
na crise de energia do Rio foi
a redução do fornecimento de
Furnas. Quando a oferta reduz, há a necessidade de cortes seletivos de energia, para
evitar o colapso geral do sistema.
Muito do que ocorreu no
Rio foi devido a esse corte seletivo. A Light ameaçou denunciar Furnas. Acabou recuando porque também não
se desverticalizou e tinha responsabilidade na substituição
de algumas subestações. Decidiu-se lavar roupa suja em
casa.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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