São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Ações da empresa brasileira caem cerca de 11%; procura por "hedge" cresce e dólar sobe 1,35%

Crise da WorldCom derruba Embratel

DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Embratel lideraram as perdas do Ibovespa ontem. O papel preferencial fechou com baixa de 11,4% -no ano, a queda está em 52,3%. As ações ordinárias se desvalorizaram 10,8% -de janeiro até agora acumulam perdas de 41,5%.
A deterioração se deve às dificuldades financeiras enfrentadas pela controladora da empresa brasileira, a americana WorldCom, rebaixada pela Moody's.
As perdas da Embratel contribuíram para o mau dia da Bolsa, que caiu 4,08% ontem -no mês, a desvalorização é de 7,5%.
Mas "obsessão" e "paranóia" diante do cenário político foram as palavras mais usadas por analistas e operadores ao tentar explicar a tensão do mercado ontem.
Segundo analistas, o mercado especula em torno de boatos referentes à sucessão presidencial, especialmente depois das denúncias contra Ricardo Sério, tesoureiro de campanhas do PSDB, feitas pela revista "Veja". Há o temor de que o governo não consiga eleger seu sucessor e de que Lula (PT) vença no já primeiro turno.
O dólar voltou a subir forte -mais 1,35%, para R$ 2,472. Com a alta da moeda americana, cresce a procura das empresas por "hedge" (proteção cambial). Por meio dessas operações, os investidores tentam impedir que suas dívidas em dólar disparem ou seu patrimônio na moeda seja depreciado por causa da alta da cotação. Houve ontem o boato de que uma empresa teria feito uma grande operação de "hedge", no valor de US$ 400 milhões.
"Está claro que o que tem ditado a tensão é o risco político. O cenário econômico está dentro do esperado. Até o crescimento menor do país já era previsto", diz Mauricio Zanella, do Lloyds TSB.
Para que a tranquilidade volte às mesas de negociações, será necessário que o governo reagrupe sua base política. Em resumo, que o PFL volte a apoiá-lo. Para alguns analistas, há meios de isso acontecer com a manutenção da candidatura de José Serra (PSDB). Para outros, só se ele desistir de disputar as eleições.
"A cada dia que passa o mercado fica mais realista. As chances de Lula crescem, e Serra não empolga ninguém", diz Carlos Camacho, diretor-executivo da GAP Asset Management. "Mas não acho que os investidores estejam se desfazendo de papéis do Brasil, apenas diminuem sua exposição." (ANA PAULA RAGAZZI)


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