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CURTO-CIRCUITO
Papéis garantem a dívida de US$ 600 milhões que a AES, controladora da distribuidora, tem com o banco
BNDES decide leiloar ações da Eletropaulo
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, anunciou ontem que o banco
estatal decidiu levar a leilão as
ações ordinárias da Eletropaulo
que garantem a dívida de US$ 600
milhões da AES Elpa, controladora da empresa de energia elétrica,
com o banco.
As ações correspondem a
74,88% do capital votante da Eletropaulo e é por meio delas que a
AES controla a distribuidora de
energia. Lessa disse que o leilão
das ações poderá ocorrer num
prazo que vai de 107 dias a oito
meses, dependendo dos obstáculos jurídicos que venham ou não
ser interpostos ao processo.
Segundo o BNDES, a AES segue
controlando a Eletropaulo até que
o leilão se realize. O banco estatal
informou também que as ações
passarão por avaliações independentes para definir o preço mínimo de leilão.
"O BNDES teve esta tarde um
movimento jurídico relevante a
respeito do caso AES. Foi comunicado, via notificação extrajudicial, que o banco, lançando mão
de cláusulas do contrato, vai fazer
a liquidação extrajudicial das
ações da Eletropaulo", afirmou
Lessa. Às 18h45 a AES informou
que ainda não havia recebido nenhuma notificação do BNDES.
Segundo Lessa, a decisão de leiloar as ações da Eletropaulo significa que o BNDES decidiu fazer o
que ele chamou de "cobrança
amigável" da dívida da AES Elpa,
optando por não cobrar o débito
na Justiça. A decisão, de acordo
com o BNDES, foi tomada com
base em pareceres de advogados
do banco e de consultores jurídicos externos.
O vice-presidente do banco,
Darc Costa, admitiu que a AES
pode contestar a interpretação
dada aos termos do contrato pelos advogados consultados.
"Pelas disposições gerais aplicadas aos contratos do banco, esse
dispositivo jurídico existe", afirmou Roberto Timótheo da Costa,
diretor da Área Administrativa e
Financeira do banco. Pelas estimativas dos dirigentes do
BNDES, mesmo na hipótese de
contestação, o leilão das ações
ocorrerá ainda este ano.
Lessa disse que a decisão de leiloar o controle da Eletropaulo não
significa que o BNDES não possa
aceitar uma proposta de solução
negociada que venha a ser apresentada pela AES. A proposta que
estava sendo esperada para esta
semana acabou não sendo apresentada, apesar de ter havido contatos entre os dirigentes do banco
estatal e o comando da empresa
norte-americana.
"Dinheiro, tutu, vil metal, cheque, la plata, patacones... [títulos
usados como moeda durante a
crise argentina]", respondeu Lessa a uma pergunta sobre o que poderá fazer o banco desistir do leilão. O BNDES não aceita qualquer
renegociação sem que a AES Elpa
pague em espécie uma parte da
sua dívida com o banco.
Segundo a direção do BNDES,
está agendada para a próxima
quarta-feira uma reunião com o
vice-presidente da AES, Joseph
Brandt, para dar sequência à tentativa de solução negociada para a
dívida.
A AES tem com o BNDES uma
dívida de aproximadamente US$
1,2 bilhões decorrente da compra
da Eletropaulo. Metade desse total é devido pela AES Elpa e está
relacionada com um empréstimo
de US$ 888,6 milhões obtido em
abril de 1998 para a compra do
controle da Eletropaulo em leilão
de privatização.
A AES ficou inadimplente em 31
de janeiro deste ano com uma
parcela de US$ 85 milhões dessa
dívida. Outra parcela, de aproximadamente US$ 250 milhões,
venceu no dia 15 de abril
A outra metade da dívida corresponde ao saldo de um empréstimo de aproximadamente US$ 1
bilhão obtido do banco em janeiro de 2000 pela empresa AES
Transgás para a compra de 64%
das ações preferenciais (sem direito a voto) da Eletropaulo.
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