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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Apesar de queda nos papéis do Tesouro, aplicações gerenciadas por essas instituições tiveram ganhos
Fundos de bancos estatais ficam positivos
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Fundos de investimento de alguns bancos estatais, que estiveram entre os que sofreram as
maiores perdas na crise conhecida como a da marcação a mercado em 2002, fecharam a semana
com rentabilidade positiva, segundo informam as instituições.
"Hoje [sexta-feira] não há nenhum fundo negativo. Todos os
fundos DIs e de renda fixa deram
cotas positivas", disse Nelson Rocha Augusto, presidente do Banco
do Brasil DTVM. "Pode ter havido rentabilidade negativa [na semana passada] em 0,001 ou
0,002", afirmou.
Os fundos da Caixa Econômica
Federal não chegaram a registrar
perda de rentabilidade nos últimos dias, segundo o diretor Marcelo Bonini. "Nossas carteiras já
não tinham títulos longos."
"Os fundos que mais perderam
são principalmente os que mais
renderam recentemente", diz a
consultora Marcia Dessen.
Entre os dias 3 e 5 de maio, fundos de investimento perderam
mais de R$ 2 bilhões e registraram
rentabilidade negativa em alguns
momentos, em razão da desvalorização de títulos do governo de
longo prazo. O patrimônio dos
fundos ultrapassa R$ 500 bilhões.
A saída de recursos na semana
passada, segundo gestores, é inferior à registrada em 2002, quando
em oito dias a fuga das aplicações
superou os ingressos de capital
em R$ 4,33 bilhões.
Em 29 de maio daquele ano, o
Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passaram a obrigar gestores de fundos a contabilizar os ativos das
carteiras dos fundos pelo valor de
mercado diariamente.
Apesar da obrigatoriedade, na
semana passada, circularam rumores de que alguns bancos teriam deixado de marcar a mercado, por alguns dias, à espera da recuperação da rentabilidade dos
ativos, o que gestores negam.
O gatilho para a deterioração do
mercado foi uma conjunção de
fatores. Nos EUA, cresce a expectativa de que a elevação dos juros
ocorra já em junho próximo.
No cenário doméstico, alta do
dólar e queda da Bolsa, "além de
desencontros e tensões em torno
da política econômica, que dão
desconforto ao mercado", segundo Jorge Simino, da MS Consult.
Em razão da forte desvalorização dos títulos de longo prazo,
que têm grande peso nas carteiras
de fundos DI, renda fixa e multimercados e gerou perdas em carteiras, o Tesouro Nacional fez três
leilões de recompra de títulos públicos pós-fixados, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), de
longo prazo na semana passada.
O objetivo dos leilões era tentar
conter a crise nos fundos. Papéis
com prazo de vencimento mais
longo tendem a apresentar maiores riscos. Com a recompra efetuada pelo Tesouro, que totalizou
quase R$ 3,3 bilhões, gestores puderam se livrar desses títulos.
No ano passado, uma das estratégias usadas para capturar de
forma mais expressiva a queda de
juros era alongar as carteiras investindo em títulos com prazo de
vencimento mais distante.
Para consultores, investidores
devem aguardar. "Sair para colocar o dinheiro onde?", pergunta
Dessen. "Quem se apressou em
2002 e sacou acabou perdendo."
Quem estiver muito desconfortável pode optar por um fundo de
curto prazo ou um DI.
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