São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Apesar de queda nos papéis do Tesouro, aplicações gerenciadas por essas instituições tiveram ganhos

Fundos de bancos estatais ficam positivos

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Fundos de investimento de alguns bancos estatais, que estiveram entre os que sofreram as maiores perdas na crise conhecida como a da marcação a mercado em 2002, fecharam a semana com rentabilidade positiva, segundo informam as instituições.
"Hoje [sexta-feira] não há nenhum fundo negativo. Todos os fundos DIs e de renda fixa deram cotas positivas", disse Nelson Rocha Augusto, presidente do Banco do Brasil DTVM. "Pode ter havido rentabilidade negativa [na semana passada] em 0,001 ou 0,002", afirmou.
Os fundos da Caixa Econômica Federal não chegaram a registrar perda de rentabilidade nos últimos dias, segundo o diretor Marcelo Bonini. "Nossas carteiras já não tinham títulos longos."
"Os fundos que mais perderam são principalmente os que mais renderam recentemente", diz a consultora Marcia Dessen.
Entre os dias 3 e 5 de maio, fundos de investimento perderam mais de R$ 2 bilhões e registraram rentabilidade negativa em alguns momentos, em razão da desvalorização de títulos do governo de longo prazo. O patrimônio dos fundos ultrapassa R$ 500 bilhões.
A saída de recursos na semana passada, segundo gestores, é inferior à registrada em 2002, quando em oito dias a fuga das aplicações superou os ingressos de capital em R$ 4,33 bilhões.
Em 29 de maio daquele ano, o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passaram a obrigar gestores de fundos a contabilizar os ativos das carteiras dos fundos pelo valor de mercado diariamente.
Apesar da obrigatoriedade, na semana passada, circularam rumores de que alguns bancos teriam deixado de marcar a mercado, por alguns dias, à espera da recuperação da rentabilidade dos ativos, o que gestores negam.
O gatilho para a deterioração do mercado foi uma conjunção de fatores. Nos EUA, cresce a expectativa de que a elevação dos juros ocorra já em junho próximo.
No cenário doméstico, alta do dólar e queda da Bolsa, "além de desencontros e tensões em torno da política econômica, que dão desconforto ao mercado", segundo Jorge Simino, da MS Consult.
Em razão da forte desvalorização dos títulos de longo prazo, que têm grande peso nas carteiras de fundos DI, renda fixa e multimercados e gerou perdas em carteiras, o Tesouro Nacional fez três leilões de recompra de títulos públicos pós-fixados, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), de longo prazo na semana passada.
O objetivo dos leilões era tentar conter a crise nos fundos. Papéis com prazo de vencimento mais longo tendem a apresentar maiores riscos. Com a recompra efetuada pelo Tesouro, que totalizou quase R$ 3,3 bilhões, gestores puderam se livrar desses títulos.
No ano passado, uma das estratégias usadas para capturar de forma mais expressiva a queda de juros era alongar as carteiras investindo em títulos com prazo de vencimento mais distante.
Para consultores, investidores devem aguardar. "Sair para colocar o dinheiro onde?", pergunta Dessen. "Quem se apressou em 2002 e sacou acabou perdendo."
Quem estiver muito desconfortável pode optar por um fundo de curto prazo ou um DI.


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