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FRAUDE
PF prende grupo que adulterava combustíveis
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu ontem 24 pessoas -14 em São Paulo
e dez na Bahia- acusadas de
adulterar gasolina, sonegar impostos e falsificar documentos e
notas fiscais. Entre os suspeitos
estão dois executivos de uma empresa química de São Paulo, acusados de comandar o comércio
ilegal de solvente que seria misturado à gasolina em postos de
combustíveis do Estado.
A "Operação Pólo" concluiu
que quatro empresas fantasmas
de tintas e vernizes na Bahia forjavam a compra de solvente da empresa Bandeirante Química, que
fica em Mauá (ABC paulista).
Antonio Carlos Signorini, diretor da Bandeirante e presidente
do Sindisolv, sindicato que reúne
fabricantes de solventes, foi preso
ontem. A empresa será autuada
por sonegação de impostos, e sua
participação na adulteração de
combustíveis será investigada.
A investigação, realizada em
conjunto com o Ministério Público e a Secretaria da Fazenda do
Estado da Bahia, começou em outubro do ano passado. "A quadrilha dividia ganhos com a diferença de ICMS de 11% entre os Estados da Bahia e de São Paulo e ainda utilizava o produto de forma
ilegal", afirma Fernando Berbert,
delegado da Polícia Federal.
Com o esquema, havia a distribuição de seis carretas por dia, em
média, cada uma com cerca de 35
mil a 45 mil litros de solventes. De
acordo com a polícia, a quadrilha
atuava havia mais de um ano.
Nos últimos três meses, uma
das empresas fantasmas da Bahia
negociou R$ 35 milhões em solventes. Desse valor, pelo menos
R$ 3,5 milhões foram sonegados,
segundo informa a PF.
Os 24 envolvidos responderão
pelos crimes contra a economia
popular, formação de quadrilha,
sonegação fiscal e uso de documentos falsos.
Procurados pela reportagem, os
acusados não quiserem comentar
as denúncias.
Eribelto Rangel, diretor-adjunto da Diretoria Executiva da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São
Paulo, informa que a investigação
na Bahia teve início a partir de informações da Fazenda paulista:
"Verificamos que uma quadrilha
na Bahia monta empresas fantasmas para servirem de destinatárias de solventes de São Paulo".
A ação da Fazenda paulista para
combater as fraudes fiscais no setor de combustíveis, segundo informa Rangel, reduziu a sonegação no setor em cerca de 50% no
ano passado. "Estimávamos que,
antes de iniciar esse trabalho, a
sonegação fiscal no setor de combustíveis era da ordem de R$ 500
milhões em 2004. No ano passado, nossa previsão é que esse número caiu para R$ 250 milhões."
O Sindsolv (Sindicato Nacional
do Comércio Atacadista de Solventes de Petróleo) informa, por
meio de sua assessoria de imprensa, que, em reunião extraordinária realizada ontem, decidiu pelo
afastamento do presidente da entidade, Antonio Carlos Signorini.
"O Sindisolv, como entidade representativa de classe, esclarece
também que nada tem a ver com
os fatos denunciados pela mídia."
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