São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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FRAUDE

PF prende grupo que adulterava combustíveis

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL


A Polícia Federal prendeu ontem 24 pessoas -14 em São Paulo e dez na Bahia- acusadas de adulterar gasolina, sonegar impostos e falsificar documentos e notas fiscais. Entre os suspeitos estão dois executivos de uma empresa química de São Paulo, acusados de comandar o comércio ilegal de solvente que seria misturado à gasolina em postos de combustíveis do Estado.
A "Operação Pólo" concluiu que quatro empresas fantasmas de tintas e vernizes na Bahia forjavam a compra de solvente da empresa Bandeirante Química, que fica em Mauá (ABC paulista).
Antonio Carlos Signorini, diretor da Bandeirante e presidente do Sindisolv, sindicato que reúne fabricantes de solventes, foi preso ontem. A empresa será autuada por sonegação de impostos, e sua participação na adulteração de combustíveis será investigada.
A investigação, realizada em conjunto com o Ministério Público e a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, começou em outubro do ano passado. "A quadrilha dividia ganhos com a diferença de ICMS de 11% entre os Estados da Bahia e de São Paulo e ainda utilizava o produto de forma ilegal", afirma Fernando Berbert, delegado da Polícia Federal.
Com o esquema, havia a distribuição de seis carretas por dia, em média, cada uma com cerca de 35 mil a 45 mil litros de solventes. De acordo com a polícia, a quadrilha atuava havia mais de um ano.
Nos últimos três meses, uma das empresas fantasmas da Bahia negociou R$ 35 milhões em solventes. Desse valor, pelo menos R$ 3,5 milhões foram sonegados, segundo informa a PF.
Os 24 envolvidos responderão pelos crimes contra a economia popular, formação de quadrilha, sonegação fiscal e uso de documentos falsos.
Procurados pela reportagem, os acusados não quiserem comentar as denúncias.
Eribelto Rangel, diretor-adjunto da Diretoria Executiva da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, informa que a investigação na Bahia teve início a partir de informações da Fazenda paulista: "Verificamos que uma quadrilha na Bahia monta empresas fantasmas para servirem de destinatárias de solventes de São Paulo".
A ação da Fazenda paulista para combater as fraudes fiscais no setor de combustíveis, segundo informa Rangel, reduziu a sonegação no setor em cerca de 50% no ano passado. "Estimávamos que, antes de iniciar esse trabalho, a sonegação fiscal no setor de combustíveis era da ordem de R$ 500 milhões em 2004. No ano passado, nossa previsão é que esse número caiu para R$ 250 milhões."
O Sindsolv (Sindicato Nacional do Comércio Atacadista de Solventes de Petróleo) informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que, em reunião extraordinária realizada ontem, decidiu pelo afastamento do presidente da entidade, Antonio Carlos Signorini. "O Sindisolv, como entidade representativa de classe, esclarece também que nada tem a ver com os fatos denunciados pela mídia."


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