São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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Cresce fatia de brasileiros no mercado de fusões e aquisições

DA REPORTAGEM LOCAL

Impulsionadas pela valorização do real, empresas brasileiras assumiram operações que antes pertenciam a multinacionais no Brasil em um volume maior e também empreenderam mais aquisições no exterior.
Dados divulgados ontem pela consultoria PriceWaterHouseCoopers mostram que o número de aquisições de controle e compras minoritárias lideradas por empresas brasileiras teve um aumento de 41% em relação aos primeiros quatro meses do ano passado. Entre janeiro e abril deste ano, a fatia de participação de empresas brasileiras em transações de fusões e aquisições passou para 57%. Em 2005, essa proporção representava 46%.
Na avaliação de Raul Beers, sócio responsável por fusões e aquisições da PriceWaterHouseCoopers, esse movimento das empresas brasileiras também tem acontecido em outros países emergentes "com fundamentos econômicos fortes".
Nos quatro primeiros meses deste ano, exemplos desse tipo de operação foram a aquisição da cervejaria argentina Quilmes pela AmBev e a transação entre a Petrobras e a também argentina Pasadena. "A característica comum das empresas brasileiras que estão investindo lá fora é que elas atuam em mercados globais e precisam ter uma operação mundial para serem competitivas", disse Beers. Nesses setores, estão siderurgia, petróleo e mineração, por exemplo.
Dentro do Brasil, o segmento de "comércio varejista" liderou o número de transações nos primeiros quatro meses, com 14 negócios. No ano passado, no mesmo período, foram registrados 11 negócios.

Grandes negócios
O destaque nos quatro primeiros meses do ano foi o aumento no número de negócios com valores anunciados acima de US$ 100 milhões. Entre janeiro e abril deste ano, foram 13 transações. A cifra dessas negociações chegou a US$ 4,5 bilhões. Em 2005, essa soma chegou a US$ 2 bilhões.
Em termos de volume, foram registradas 135 transações no período. Esse foi o melhor desempenho desde 2001.
Além dos prognósticos de crescimento da economia brasileira, o economista da PriceWaterHouseCoopers enfatiza também que o bom desempenho da Bolsa brasileira tem contribuído para animar os investidores. "Quanto mais desenvolvida estiver a Bolsa, mais as empresas conseguem captar recursos. Com isso, elas têm maior capacidade de investir, o que favorece o mercado de fusões e aquisições", avaliou.
Quanto ao ânimo dos investidores estrangeiros, Beers afirmou que ele é suscetível às variações cambiais. Os ativos em reais no Brasil estão mais caros para os estrangeiros. Antes de partir para empreendimentos no país, diz Beers, os estrangeiros vão fazer uma análise mais criteriosa sobre as estimativas de comportamento da taxa cambial. (CC)


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