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Para diretor do Iedi, abertura não é garantia de desenvolvimento
DA REPORTAGEM LOCAL
Os resultados da pesquisa Datafolha surpreenderam o diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), Julio Sérgio Gomes de
Almeida. "A hipótese de que o livre comércio traz sempre resultados positivos acabou sendo ideologizada e aceita. Mas não há evidência de que a abertura comercial promova desenvolvimento."
Para o diretor do Iedi, são poucas as afirmações que podem ser
feitas a respeito dos efeitos da entrada do Brasil na Alca. "Por enquanto, tudo depende de como
serão as negociações."
Na avaliação de Almeida, o Brasil enfrentará dois grandes problemas para conseguir condições
para que a Alca tenha efeitos positivos: a competitividade da economia brasileira e o poder de negociação com os EUA.
"No campo da competitividade,
não há nenhuma preparação, não
existe uma política organizada
para preparar a indústria para a
abertura", diz.
Com relação à disposição dos
EUA de negociar mais que uma
queda de tarifas, o diretor-executivo do Iedi é cético. "A postura
que os EUA tiveram até agora é a
de querer empurrar um acordo
pela goela dos seus supostos parceiros."
Sem interesse
Para Almeida, uma negociação
apenas para queda de tarifas não
interessa ao Brasil. "As tarifas nos
EUA já são baixas. O problema
são as barreiras não-tarifárias, as
leis antidumping e a política agrícola. Se não houver nenhum interesse dos EUA em negociar esses
pontos, não há motivo para o Brasil entrar na Alca."
A tarifa média de exportação
dos EUA, segundo os cálculos de
Almeida, é de 4,8%. A tarifa média no Brasil fica em 13%. "Ou seja, para os EUA é mais fácil e indolor zerar suas tarifas. Se a negociação da Alca só se resumir a isso,
não será boa para o Brasil."
O diretor-executivo do Iedi argumenta também que o Brasil
não deveria abrir mão da diversificação de sua pauta de exportações. Hoje, cerca de um terço das
exportações brasileiras vão para
os EUA, um terço vai para a Europa e o mesmo volume para países
do Mercosul.
"Não faz sentido nos tornarmos
mais dependentes do mercado
norte-americano desse ponto de
vista", avalia.
Segundo Almeida, uma das
prioridades dos negociadores
brasileiros será garantir que a entrada na Alca resulte em melhoria
das contas externas brasileiras.
"Se não pudermos exportar mais,
se o resultado nas contas externas,
cujo desequilíbrio é um grande
problema para nossa economia,
piorar, é melhor não aceitar o
acordo."
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