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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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TELES

Promotor pede dado sobre preço

Aquisição da Oi pela Telemar será apurada

JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Ministério Público do Rio pediu ontem que a Telemar esclareça os critérios que usou para calcular o preço de aquisição da Oi, operadora de telefonia celular.
Em maio, a Telemar adquiriu a Oi por R$ 1, assumindo uma dívida de R$ 4,7 bilhões ao seu balanço. A vendedora foi a Telemar Norte Leste Participações, holding da própria Telemar.
Dependendo da resposta que receberem da empresa, os promotores Rodrigo Terra e Júlio Machado irão avaliar se instauram ou não um inquérito para apurar possíveis irregularidades.
"Queremos verificar se a aquisição prejudicou os acionistas da Telemar. Se forem constatadas irregularidades, vamos instaurar um inquérito e, se necessário, entrar com uma ação civil pública contra a empresa", disse.
Segundo o promotor, uma eventual ação civil poderá pedir o cancelamento da transação ou o ressarcimento dos supostos prejudicados.
A investigação será feita a pedido do investidor Marco Duarte, que tem cerca de R$ 700 mil em ações da Telemar. Ele alega que outras operações recentes, como a venda do controle da Tele Centro-Oeste Celular para a Telesp Celular, envolveram cifras menores, apesar de a empresa ter uma base mais consolidada de clientes.
Segundo a analista Carolina Gava, do BES Investimento, o preço de venda da Tele Centro-Oeste, na época, correspondeu a R$ 1.725 por assinante. Já o valor pago pela Oi (considerando a dívida assumida pela empresa) é de R$ 2.380 por consumidor.
Ela explica, entretanto, que o potencial de crescimento da Oi para este ano é de 114%, muito acima da média do mercado de telefonia móvel, que deverá se expandir 15%.
"O preço de R$ 2.380 foi calculado sobre uma base de 2 milhões de clientes. Caso a Oi alcance 3 milhões de consumidores até o fim deste ano, o valor da operação cai para R$ 1.584 por cliente",calcula.
A Telemar informou não ter recebido ainda uma comunicação do Ministério Público. Segundo a empresa, a dívida de R$ 4,7 bilhões incorporada ao seu balanço com a compra da Oi não prejudicará os investidores porque o passivo tem um prazo de vencimento de 12 anos. Além disso, segundo a empresa, o negócio não alteraria a política de distribuição de dividendos e propiciaria um benefício fiscal de R$ 1,6 bilhão.


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