São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Grupo tentará convencer juiz dos EUA a manter "proteção" da Varig contra credor

Fernando Donasci/Folha Imagem
Fila de passageiros da Gol em Congonhas (à dir.) contrasta com o movimento fraco da Varig


DA SUCURSAL DO RIO
A ENVIADA AO RIO

Sem prova de dinheiro novo -se a proposta do TGV for aprovada, o grupo tem que depositar de imediato US$ 75 milhões-, será difícil convencer a Justiça dos Estados Unidos a prorrogar, na próxima terça-feira, a proteção aos aviões da Varig em território americano. Na data, o juiz Robert Drain pode inclusive determinar a devolução de parte da frota.
De acordo com o que a Folha apurou, o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) afirmou a credores que pretende enviar um representante para tentar convencer Drain a manter a liminar nos EUA.
Já a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), diferentemente do que ocorreu na última audiência nos EUA, não enviará representante.
"Nosso representante reivindicou prazo e ele concedeu [na última audiência]. Ele concedeu um prazo fatal e encerra na terça-feira, tem que haver um pagamento. Não irá alguém da Anac porque não é uma audiência, ele só deu prazo para que se depositasse o recurso", afirmou ontem Milton Zuanazzi, presidente da agência, após se reunir com o juiz Luiz Roberto Ayoub, que conduz a recuperação da Varig.

Contingência
Ele confirmou que a agência tem um plano de contingência pronto em caso de colapso da Varig. "Já respondi 50 vezes que seria uma irresponsabilidade a agência não ter um plano de contingência. Mas seria uma irresponsabilidade anunciá-lo antes [de uma eventual paralisação da Varig]".
Entre credores e analistas do setor, não se acredita que o TGV tenha o dinheiro que promete. De acordo com um investidor em potencial que na semana passada acessou o data room (divulgação de informações sobre a Varig a interessados que precedeu o leilão), apenas para recuperar os aviões que estão parados e colocá-los em condições de vôo, o comprador da empresa aérea precisaria gastar de US$ 120 a US$ 180 milhões.

Três caminhos
Drain pode tomar três caminhos: prorrogar a proteção, o que as empresas de leasing apostam que não ocorrerá; derrubar a liminar, e a partir daí cada empresa buscaria retomar seus aviões individualmente; ou acionar o plano de contingência previsto ao longo do processo nos EUA.
O objetivo desse plano é que os aviões sejam devolvidos de forma organizada e combinada entre as empresas de leasing (há turbinas de arrendadores que estão em aviões de outras empresas, por exemplo). É difícil saber o que ocorrerá, mas a avaliação de analistas é que, a cada nova audiência em Nova York, a probabilidade do juiz eliminar a proteção aumenta.
As empresas de leasing vêm negociando com TAM e Gol a possibilidade de transferir no futuro contratos de seus aviões que hoje estão com a Varig. Para os arrendadores, seria mais barato deixar os aviões no Brasil, em contrato com outras companhias, do que mandar para o exterior quando estes forem retomados.
Com a dificuldade em retomar as aeronaves da Varig na Justiça brasileira, a imagem do país entre as empresas de leasing de avião piora a cada dia, e há casos de arrendadores que já informaram seus seguradores de que pretendem acioná-los para exigir pagamento da cobertura contra risco político.


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