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EMPREGO FORMAL
52% das vagas foram fechadas entre setembro de 98 e fevereiro de 99; cortes foram maiores no interior
País perde 1,5 milhão de postos desde 95
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
Desde a primeira posse do presidente Fernando Henrique Cardoso, em janeiro de 1995, o Brasil perdeu 1,454 milhão de empregos formais. E a tendência está se agravado: 52% dessas vagas foram fechadas entre setembro de 1998 e fevereiro passado.
Contrariando a versão oficial, os
dados mostram que a maior parte
das vagas eliminadas nesses seis
meses estava no interior do país: só
248 mil dos postos de trabalho perdidos eram de áreas metropolitanas -os outros 67,5% estavam em
cidades de menor porte.
A divisão por grandes áreas da
economia revela que, embora a
maior fatia do total de empregos
eliminados esteja na indústria
(31%), também houve perdas importantes nos setores de serviços
(21%), construção civil (19%) e
agricultura (16%).
As estatísticas são do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do
Trabalho e Emprego. Elas se referem apenas às contratações e demissões da economia formal.
O ano de 1998 foi o mais grave,
até agora, do ponto de vista do emprego formal no governo FHC. Foram cortados 582 mil postos de
trabalho, principalmente no segundo semestre.
Por coincidência, isso começou
depois que o então candidato à
reeleição adotou um discurso de
campanha no qual dizia que quem
venceu a inflação também iria vencer o desemprego. Até agosto de
1998, o saldo de postos de trabalho
no ano havia sido positivo.
Na época, FHC era obrigado a lidar com as consequências da crise
econômica mundial, que ameaçava colocar o Brasil como bola da
vez. Isso se concretizou em janeiro,
com a desvalorização do real e o
aprofundamento da recessão.
Por conta disso, 1999 começou
ainda pior do que os outros anos.
Só nos dois primeiros meses do
ano foram eliminadas 119 mil vagas formais. É um resultado mais
negativo do que o verificado nos
primeiros bimestres de 1998 (-107
mil vagas) e 1997 (-37 mil vagas).
Para o economista Marcio Pochmann (especialista em emprego da
Unicamp), a perda desses postos
de trabalho tem pouca relação com
o impacto das novas tecnologias.
Os cortes ocorridos em dezembro
passado, na sua opinião, refletem a
maior queda do nível de atividade
no segundo semestre de 1998.
"Como se referem ao setor formal, essas demissões têm custo para as empresas", dia Pochmann.
Portanto, se os empregadores continuam demitindo é sinal de que
prevêem uma continuidade da crise no próximo período.
São Paulo foi o Estado mais afetado: perdeu 358 mil empregos
formais entre setembro e fevereiro
(ou 47% do total do país). Mas,
contrariando a versão de que o desemprego é um problema da capital, dois terços das vagas cortadas
estavam no interior do Estado.
Os primeiros efeitos da desaceleração da economia se manifestam
na indústria, o que explica a maior
concentração de demissões em Estados industrializados, como São
Paulo, Minas Gerais (-150 mil vagas fechadas) e Paraná (-66 mil).
Já os cortes na construção civil
podem estar ligados à perda de
renda (que limita as pequenas reformas e construções) e ao período
pós-eleitoral (que desacelera as
obras públicas).
A eliminação de vagas na agricultura pode estar relacionada ao período de plantio, que emprega menos pessoas do que o da colheita.
"O primeiro trimestre de 1999 foi
relativamente melhor do que as
previsões dos economistas, mas
até agora isso não se refletiu no
emprego. A desvalorização do real
poderia ter um impacto positivo
sobre as exportações e o emprego,
mas desde que houvesse uma política de substituição de importações", diz Pochmann.
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