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TELEFONIA
Dieese calcula que 20,5% dos empregos que havia na Telebrás desapareceram; empresas alegam modernização
Privatização das teles extingue 18 mil vagas
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
A privatização do Sistema Telebrás, que aconteceu em julho do
ano passado, provocou o desaparecimento de 17.968 empregos no
setor de telefonia do país.
Isso representa uma redução de
20,52% no número de empregos
que havia na Telebrás antes de sua
venda.
Os números foram calculados
pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos) a partir das demissões homologadas nos sindicatos entre agosto de 98 e maio de 99.
O levantamento inclui as quatro
holdings de telefonia fixa, as oito
holdings de telefonia celular e a
própria holding controladora do
Sistema Telebrás, que continuou
existindo após a venda da estatal
para a iniciativa privada.
O desemprego provocado pela
privatização do serviço de telefonia pode ser maior que o registrado pelo Dieese, pois o levantamento não registra as demissões homologadas nas delegacias regionais do Trabalho.
Novos serviços
As empresas consultadas pela
Folha argumentam que as demissões realizadas serviram para modernizar suas estruturas operacionais e estão sendo compensadas
pela contratação de serviços terceirizados e pela admissão de novos funcionários nas áreas comercial e de atendimento ao usuário.
Antes da privatização da Telebrás, o governo anunciou que a
venda das empresas criaria 100 mil
empregos diretos e 1,5 milhão de
empregos indiretos.
Concentração
As demissões catalogadas pelo
Dieese estão concentradas nas
quatro holdings de telefonia fixa
(Tele Norte Leste, Tele Centro Sul,
Telefônica e Embratel) e ocorreram, principalmente, por meio de
programas de desligamento incentivado.
Segundo o estudo do Dieese, nessas quatro empresas ocorreram
14.700 demissões (ou 81,8% das
dispensas catalogadas).
Tele Norte Leste
Entre elas, o maior volume de demissões ocorreu na Tele Norte Leste (7.395 dispensas), holding que
está em 16 Estados do país (entre
eles Rio de Janeiro, Minas Gerais e
todos os da região Nordeste) e registrou um lucro líquido de R$ 176
milhões no ano passado. Procurada pela Folha, a empresa não quis
comentar o estudo do Dieese.
Na Telefônica, foram extintos
3.801 empregos -ou 15,57% do
número de funcionários que havia
antes da privatização.
O diretor de Recursos Humanos
da Telefônica, José Carlos Misiara,
disse que as demissões foram feitas
por meio de programas de dispensa incentivada e atingiram, principalmente, funcionários que já podiam se aposentar.
Paralelamente, a Telefônica
criou uma subsidiária para fazer o
atendimento dos usuários que já
admitiu cerca de 2.000 pessoas,
sendo que a operadora criou 5.500
novos empregos terceirizados entre novembro de 98 e março de 99.
"Mais de 80% do pessoal que saiu
podia se aposentar. As demissões
renovaram a empresa e permitiram que funcionários mais jovens
fossem promovidos. As estatais tinham uma população envelhecida", disse o diretor da Telefônica.
Tele Centro Sul
Na segunda-feira, a Tele Centro
Sul anunciou a demissão de 1.300
empregos (sendo que outros 1.128
saíram antes por meio de um programa de demissões voluntárias).
Até agora, a empresa reduziu em
24,76% seu quadro de pessoal, segundo o Dieese. De acordo com a
Tele Centro Sul, cerca de 400 vagas
terceirizadas foram criadas para as
áreas comercial e de atendimento
ao usuário.
Embratel
Na Embratel, as demissões totalizaram 1.500 pessoas (uma redução
de 15,43%). "Já contratamos 500
novos funcionários após a privatização, e outros 250 serão contratados até o final do ano", informou o
chefe do Departamento de Recursos Humanos da empresa, Joaquim de Souza Correia.
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