São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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APLICAÇÕES

Pesquisa da entidade mostra que reflexos com prejuízos em fundos podem ultrapassar as perdas nos investimentos

Perda em fundo derruba produção, diz Fiesp

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas que tiveram perdas em fundos DI e de renda fixa por causa da mudança nas regras de contabilidade dessas aplicações vão rever planos de investimentos e até reduzir seu ritmo de atividade. É o que indica uma pesquisa exclusiva feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que revela que as empresas perderam o equivalente a 2,2% de seu faturamento mensal com esses investimentos.
A pesquisa da Fiesp -que incluiu micros, pequenas, médias e grandes empresas- mostra também que a capacidade de poupança das companhias está bastante reduzida. Das 659 empresas que participaram do levantamento, apenas 171, ou 26% do total, tinham dinheiro aplicado em fundos DI ou de renda fixa.
"Isso mostra que as empresas estão sofrendo uma forte pressão de custos e, por isso, têm uma capacidade de poupança e planejamento limitada", diz a economista Clarice Messer, diretora da Fiesp responsável pela pesquisa.
Outro levantamento exclusivo da entidade revela que 81% das empresas do Estado de São Paulo estão amargando forte redução em suas margens de lucros. Por isso, estão cortando despesas e perdendo capacidade de poupança e investimento.
As perdas sofridas nos fundos de investimento piorou ainda mais a situação de algumas empresas. A maior parte das companhias que possuíam aplicações em fundos DI e de renda fixa- 61% do total- informou que os recursos perdidos já estavam comprometidos. Em 58% dos casos, esse dinheiro seria, em parte, usado como capital de giro. Realização de novos investimentos e provisão para o pagamento de 13º salário foram outros destinos bastante citados pelas empresas.
Por isso, questionadas sobre o que farão para contornar os prejuízos inesperados, 29% das empresas (que poderiam dar mais de uma resposta) disseram que vão rever planos de investimento. Outras 9% afirmaram que reduzirão o ritmo de atividade. Para 39% delas, não há nada a ser feito porque as perdas são irreparáveis.
"Isso é preocupante porque essas empresas não terão nenhum ganho inesperado para compensar as perdas inesperadas. O efeito sobre a economia real será inevitável", diz Clarice.
A pesquisa da Fiesp revela ainda que as empresas foram surpreendidas pela mudança na contabilidade dos fundos. A nova regra estabelece que os gestores terão de contabilizar os ativos dos fundos pelo seu valor de mercado e não mais pelos ganhos esperados.
A mudança, anunciada pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em fevereiro passado, entraria em vigor em setembro de 2002, mas acabou sendo antecipada para 29 de maio último e provocou prejuízos inesperados aos cotistas.
Dentre as companhias consultadas pela Fiesp entre os dias 17 e 20 de junho, 49% sabiam que a mudança ocorreria, mas não esperavam sua antecipação. Apenas 3% das empresas já haviam transferido recursos dos fundos DI e de renda fixa para outras aplicações por conta da nova regra.



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