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APLICAÇÕES
Pesquisa da entidade mostra que reflexos com prejuízos em fundos podem ultrapassar as perdas nos investimentos
Perda em fundo derruba produção, diz Fiesp
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas que tiveram perdas
em fundos DI e de renda fixa por
causa da mudança nas regras de
contabilidade dessas aplicações
vão rever planos de investimentos
e até reduzir seu ritmo de atividade. É o que indica uma pesquisa
exclusiva feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), que revela que as empresas perderam o equivalente a
2,2% de seu faturamento mensal
com esses investimentos.
A pesquisa da Fiesp -que incluiu micros, pequenas, médias e
grandes empresas- mostra também que a capacidade de poupança das companhias está bastante
reduzida. Das 659 empresas que
participaram do levantamento,
apenas 171, ou 26% do total, tinham dinheiro aplicado em fundos DI ou de renda fixa.
"Isso mostra que as empresas
estão sofrendo uma forte pressão
de custos e, por isso, têm uma capacidade de poupança e planejamento limitada", diz a economista Clarice Messer, diretora da
Fiesp responsável pela pesquisa.
Outro levantamento exclusivo
da entidade revela que 81% das
empresas do Estado de São Paulo
estão amargando forte redução
em suas margens de lucros. Por
isso, estão cortando despesas e
perdendo capacidade de poupança e investimento.
As perdas sofridas nos fundos
de investimento piorou ainda
mais a situação de algumas empresas. A maior parte das companhias que possuíam aplicações
em fundos DI e de renda fixa-
61% do total- informou que os
recursos perdidos já estavam
comprometidos. Em 58% dos casos, esse dinheiro seria, em parte,
usado como capital de giro. Realização de novos investimentos e
provisão para o pagamento de 13º
salário foram outros destinos bastante citados pelas empresas.
Por isso, questionadas sobre o
que farão para contornar os prejuízos inesperados, 29% das empresas (que poderiam dar mais de
uma resposta) disseram que vão
rever planos de investimento. Outras 9% afirmaram que reduzirão
o ritmo de atividade. Para 39%
delas, não há nada a ser feito porque as perdas são irreparáveis.
"Isso é preocupante porque essas empresas não terão nenhum
ganho inesperado para compensar as perdas inesperadas. O efeito
sobre a economia real será inevitável", diz Clarice.
A pesquisa da Fiesp revela ainda
que as empresas foram surpreendidas pela mudança na contabilidade dos fundos. A nova regra estabelece que os gestores terão de
contabilizar os ativos dos fundos
pelo seu valor de mercado e não
mais pelos ganhos esperados.
A mudança, anunciada pelo
Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
em fevereiro passado, entraria em
vigor em setembro de 2002, mas
acabou sendo antecipada para 29
de maio último e provocou prejuízos inesperados aos cotistas.
Dentre as companhias consultadas pela Fiesp entre os dias 17 e
20 de junho, 49% sabiam que a
mudança ocorreria, mas não esperavam sua antecipação. Apenas
3% das empresas já haviam transferido recursos dos fundos DI e de
renda fixa para outras aplicações
por conta da nova regra.
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