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PRESSÃO
Inflação medida pelo IPCA acelera e atinge 0,71% em junho, puxada por reajustes dos combustíveis e dos alimentos
Preços registram maior alta desde janeiro
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O aumento dos combustíveis e
dos alimentos provocou aceleração da inflação em junho. O IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) subiu para 0,71%, após
alta de 0,51% em maio, de acordo
com o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Embora já esperada pelo mercado, a taxa foi a maior desde janeiro, quando ficou em 0,76%. Com
o resultado de junho, o IPCA acumulado em 12 meses ficou em
6,06%, acima do centro da meta
de inflação para este ano, de 5,5%,
fixada pelo governo federal.
O reajuste da gasolina nas refinarias da Petrobras, de 10,8%, foi
o fator que mais contribuiu para o
aumento do índice. Em vigor desde 15 de junho, o aumento deixou
o preço da gasolina nos postos
3,52% mais alto no mês passado.
O álcool foi o segundo item que
mais pesou na inflação. Devido à
alta da cotação da cana-de-açúcar, teve aumento de 11,35%.
Os alimentos, cuja produção foi
prejudicada pelo frio, registraram
inflação de 0,72%, após uma alta
de 0,23% em maio. Entre os maiores aumentos, destacam-se os da
cebola (29,21%), do tomate
(28,43%) e das hortaliças (6,34%).
Somente os grupos transportes
(que inclui a gasolina) e alimentos
corresponderam a 70% da inflação de junho. Para a gerente do
Sistema de Índices de Preços do
IBGE, Eulina Nunes dos Santos,
houve um propagação maior da
inflação entre os itens abrangidos
pelo índice. Segundo ela, tal movimento não é preocupante. "Essa
inflação não se mostra como um
início de um ciclo de altas", disse.
Preços administrados
Para o economista da consultoria Global Invest Paulo Gomes, na
melhor das hipóteses o IPCA deste ano deve fechar em 6,5%.
"A inflação continua preocupando e subindo", disse. Além do
reajuste de tarifas em julho e agosto, Gomes prevê que o reaquecimento econômico vá provocar
uma pressão sobre os preços no
último trimestre deste ano.
Já o economista do Grupo de
Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Carlos Thadeu de Freitas não descarta um descumprimento da meta,
no caso de os preços do petróleo e
de outras commodities não cederem no mercado internacional.
"O centro da meta não vai ser
cumprido porque os preços administrados variam muito e não
deixam espaço aos preços livres. É
a armadilha da indexação", disse.
Alexandre Sant'Anna, economista da administradora de recursos ARX Capital, prevê uma
parada no corte dos juros pelo governo até o final do ano.
"Chegamos a um patamar alto
de inflação, e fica muito difícil o
Banco Central cortar os juros."
Pressões
Para o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, a retomada da consumo interno e as pressões das tarifas em julho e agosto recomendam cuidado ao BC no corte da taxa de juros, atualmente em 16% ao ano.
Segundo nota da área de conjuntura do Ipea, "a manutenção de
uma política monetária cautelosa
parece ser a política mais apropriada no futuro imediato".
A inflação de julho sofrerá impacto dos reajustes dos planos de
saúde, da telefonia fixa e da energia elétrica em São Paulo e em Curitiba. A maior parte das tarifas é
indexada pelos índices gerais de
preços da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), mais sensíveis do que o
IPCA às oscilações das cotações
do câmbio e das commodities.
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