São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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PREÇOS
Índice que vai orientar metas de inflação (8% neste ano) registra 0,19% em junho e 3,96% no semestre
Alimento faz IPCA recuar em junho

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O IPCA, índice escolhido pelo governo para guiar a nova política monetária de metas de inflação, caiu em junho para 0,19%, contra 0,30% em maio, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A baixa na inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi provocada pela queda no preço dos alimentos, registrada desde abril pelo instituto.
Segundo a chefe do Departamento de Índices de Preços do IBGE, Marcia Quintslr, o IPCA só não registrou variação negativa em junho devido aos aumentos generalizados nas tarifas públicas (energia elétrica, gás de botijão, telefone e ônibus) e nos preços dos remédios e dos combustíveis.
O tarifaço, somado aos efeitos da desvalorização cambial de janeiro, estancou o processo de deflação do final do ano passado.
A inflação acumulada no primeiro semestre, medida pelo IPCA, foi de 3,96%, contra 2,29% no mesmo período de 98. Seguindo nesse ritmo, explica Quintslr, o índice passaria dos 8%, meta da nova política monetária, já bem acima do IPCA de 98, que ficou em 1,65%.
A economista diz, porém, que parte da alta sentida no semestre deve-se à desvalorização cambial, "um fenômeno específico deste ano", e que a inflação tende historicamente a cair em julho, agosto e setembro.
Para atender à expectativa do governo, o IPCA teria que registrar uma variação mensal de 0,64%, até o fim do ano.
Há, no entanto, uma margem de tolerância na nova âncora do Plano Real de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo, antes de o Banco Central agir para esfriar ou aquecer a economia -estratégia que levou analistas a considerar fácil a meta de inflação para este ano.
Segundo o IBGE, haveria uma deflação de 0,08% em junho se as tarifas anteriores de energia elétrica, telefone, gás de botijão e ônibus e os preços dos remédios e dos combustíveis fossem mantidos. Seria a primeira deflação do ano medida pelo IPCA.

Tarifaço
O IBGE informa que todos os itens incluídos no tarifaço -agrupados pelo instituto como "produtos administrados"- têm um peso de 11,29% no cálculo do IPCA, o que resultou num impacto de 0,27 ponto percentual no índice de junho.
A influência do tarifaço na inflação quase foi anulada pela queda significativa do preço dos alimentos (-1,28%). Pela importância que representam no cálculo do custo de vida (peso de 23,94% no índice), os alimentos puxaram o IPCA em 0,30 ponto percentual para baixo.
Houve também redução no preço dos artigos de higiene pessoal (-0,27%) e limpeza (-0,32%), influenciando na queda do IPCA.
Sozinha, a gasolina sofreu uma inflação acumulada até junho de 21,36%. O combustível pesa 3,7% no IPCA, e os efeitos do último reajuste ainda não estão integralmente refletidos no índice do mês passado, diz o IBGE.
Eles serão percebidos na inflação deste mês, junto com os impactos da alta mais recente da tarifa de energia elétrica e das passagens de ônibus em várias cidades do país -no Rio a passagem sobe hoje.
Essas altas, somadas, acrescentarão 0,40 ponto percentual ao IPCA de julho, calcula o IBGE.
Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu em junho, ficando em 0,07%, contra 0,05% em maio, elevando o acumulado do ano para 3,86%.
O IPCA se refere ao custo de vida das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos; o INPC, à inflação para as famílias com rendimento de até oito mínimos. Os dois índices são pesquisados em 11 regiões metropolitanas.


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