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PREÇOS
Índice que vai orientar metas de inflação (8% neste ano) registra 0,19% em junho e 3,96% no semestre
Alimento faz IPCA recuar em junho
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
O IPCA, índice escolhido pelo
governo para guiar a nova política
monetária de metas de inflação,
caiu em junho para 0,19%, contra
0,30% em maio, segundo dados
divulgados ontem pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
A baixa na inflação medida pelo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi provocada pela
queda no preço dos alimentos, registrada desde abril pelo instituto.
Segundo a chefe do Departamento de Índices de Preços do IBGE, Marcia Quintslr, o IPCA só
não registrou variação negativa
em junho devido aos aumentos
generalizados nas tarifas públicas
(energia elétrica, gás de botijão,
telefone e ônibus) e nos preços
dos remédios e dos combustíveis.
O tarifaço, somado aos efeitos
da desvalorização cambial de janeiro, estancou o processo de deflação do final do ano passado.
A inflação acumulada no primeiro semestre, medida pelo IPCA, foi de 3,96%, contra 2,29% no
mesmo período de 98. Seguindo
nesse ritmo, explica Quintslr, o
índice passaria dos 8%, meta da
nova política monetária, já bem
acima do IPCA de 98, que ficou
em 1,65%.
A economista diz, porém, que
parte da alta sentida no semestre
deve-se à desvalorização cambial,
"um fenômeno específico deste
ano", e que a inflação tende historicamente a cair em julho, agosto
e setembro.
Para atender à expectativa do
governo, o IPCA teria que registrar uma variação mensal de
0,64%, até o fim do ano.
Há, no entanto, uma margem
de tolerância na nova âncora do
Plano Real de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo,
antes de o Banco Central agir para
esfriar ou aquecer a economia
-estratégia que levou analistas a
considerar fácil a meta de inflação
para este ano.
Segundo o IBGE, haveria uma
deflação de 0,08% em junho se as
tarifas anteriores de energia elétrica, telefone, gás de botijão e ônibus e os preços dos remédios e
dos combustíveis fossem mantidos. Seria a primeira deflação do
ano medida pelo IPCA.
Tarifaço
O IBGE informa que todos os
itens incluídos no tarifaço
-agrupados pelo instituto como
"produtos administrados"- têm
um peso de 11,29% no cálculo do
IPCA, o que resultou num impacto de 0,27 ponto percentual no índice de junho.
A influência do tarifaço na inflação quase foi anulada pela queda
significativa do preço dos alimentos (-1,28%). Pela importância
que representam no cálculo do
custo de vida (peso de 23,94% no
índice), os alimentos puxaram o
IPCA em 0,30 ponto percentual
para baixo.
Houve também redução no preço dos artigos de higiene pessoal
(-0,27%) e limpeza (-0,32%), influenciando na queda do IPCA.
Sozinha, a gasolina sofreu uma
inflação acumulada até junho de
21,36%. O combustível pesa 3,7%
no IPCA, e os efeitos do último
reajuste ainda não estão integralmente refletidos no índice do mês
passado, diz o IBGE.
Eles serão percebidos na inflação deste mês, junto com os impactos da alta mais recente da tarifa de energia elétrica e das passagens de ônibus em várias cidades
do país -no Rio a passagem sobe
hoje.
Essas altas, somadas, acrescentarão 0,40 ponto percentual ao IPCA de julho, calcula o IBGE.
Já o INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor) subiu em
junho, ficando em 0,07%, contra
0,05% em maio, elevando o acumulado do ano para 3,86%.
O IPCA se refere ao custo de vida das famílias com renda entre 1
e 40 salários mínimos; o INPC, à
inflação para as famílias com rendimento de até oito mínimos. Os
dois índices são pesquisados em
11 regiões metropolitanas.
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