São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCOSUL

Chanceler brasileiro se reúne com Kirchner, mas não convence país vizinho a alterar discurso sobre barreiras

Visita de Amorim não muda Argentina

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A visita feita ontem pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, a Buenos Aires não convenceu o governo argentino a desistir de impor barreiras comerciais a produtos brasileiros. O ministro da Economia do parceiro do Mercosul, Roberto Lavagna, confirmou a Amorim o que já havia dito: que irá adotar medidas unilaterais para proteger a indústria nacional quando os acordos de controle de comércio assinados entre os setores privados não forem respeitados.
"Eu disse ao ministro Lavagna que não gostaria de sair da Argentina com uma notícia desagradável, mas certamente esse assunto voltará a ser discutido", disse Amorim a jornalistas depois de reunir-se com várias autoridades argentinas. O chanceler brasileiro referia-se à ameaça argentina de impor barreiras comerciais às exportações de sapatos, feita na semana passada.

Surpresa
Em julho, em plena reunião de presidentes do Mercosul, Lavagna anunciou a adoção de barreiras às importações de eletrodomésticos brasileiros. Na ocasião, o governo brasileiro disse que foi surpreendido pela medida. Mas os argentinos disseram que já haviam avisado o país.
Na semana passada, a Secretaria de Indústria e Comércio do parceiro comercial confirmou que adotará novas medidas, desta vez para limitar as importações de calçados, se não for respeitado o acordo assinado entre os fabricantes dos dois países com o objetivo de limitar as vendas do produto brasileiro no mercado argentino a 13 mil pares de sapatos neste ano.
Embora as vendas brasileiras não tenham atingido nem a metade da cota até o mês passado, os fabricantes argentinos afirmam que os embarques do Brasil já aumentaram 78% com relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Amorim, a visita à Argentina não foi marcada para desfazer o desconforto causado pelo episódio, que ficou conhecido como a "Guerra das Geladeiras".
De acordo com o ministro brasileiro, a visita já estava marcada antes das últimas medidas protecionistas adotadas pela Argentina. "Vamos ter que lidar com os problemas pontuais que surjam. É preciso entender que a Argentina passou por uma crise. Não vim aqui para discutir esses problemas pontuais, mas para falar de mais integração e de estratégias de política industrial. Não uma política industrial protecionista, mas de integração de cadeias produtivas", disse Amorim.
Além de encontrar-se com Lavagna, Amorim reuniu-se com o presidente Néstor Kirchner, com o chanceler argentino, Rafael Bielsa, e com o chefe-de-gabinete de Kirchner, Alberto Fernandez.
Pela manhã, Amorim participou da solenidade de hasteamento, pela primeira vez, da bandeira do Mercosul na residência da Embaixada do Brasil. Treze anos depois da criação do bloco sul-americano e sete anos depois da adoção da bandeira como símbolo do Mercosul, a bandeira nunca havia sido hasteada na embaixada brasileira.


Texto Anterior: Eletrônicos: Produtos de Manaus podem subir 11%
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.