São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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BALANÇO

Faturamento global cresce 3,1%, mas indústria tem queda, diz Sebrae

Serviços e comércio sustentam micro e pequenas no semestre

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

As companhias de micro e pequeno porte do Estado de São Paulo faturaram 3,1% mais nos seis primeiros meses deste ano do que no mesmo período do ano passado. A taxa de crescimento semestral, apurada em pesquisa de conjuntura da Fundação Seade e do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), é a maior nos oito anos em que o estudo é feito.
Segundo a pesquisa, no entanto, isoladamente, a pequena indústria -que compõe, com o comércio e os serviços, a estatística global da pequena empresa- sofreu retração de faturamento nesse intervalo. Houve queda de 2,4%.
"[As taxas de juros altas] puxaram o freio de mão das micro e pequenas empresas. A indústria já acendeu a luz vermelha", afirmou José Luiz Ricca, diretor-superintendente do Sebrae-SP.
De acordo com ele, o desempenho negativo da indústria é um "sintoma" de que os juros altos começaram a "tirar o fôlego" das pequenas firmas. "A indústria é, em geral, a primeira que sofre [impactos na economia] e a última que se recupera. Em abril, tínhamos uma visão muito mais positiva para o segundo semestre do que a que temos agora."
Além do maior pessimismo, a afirmação traz também um quê de desapontamento -2005 era apontado pelo Sebrae como o "ano da micro e da pequena empresa". Para corrigir o deslize, Ricca espera que o ano ainda reserve surpresas, como a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A expectativa do órgão é que o projeto de lei seja incluído na chamada agenda positiva do Congresso Nacional.

Massa salarial
Separadamente, o setor de serviços (3,6%) e o comércio (5,3%) tiveram desempenho positivo e asseguraram o bom desempenho global. De acordo com a entidade, a explicação para o fenômeno está no crescimento da massa salarial, registrado nos últimos 14 meses pelo IBGE.
As pequenas empresas de serviços e comércio são, explica Marco Aurélio Bedê, responsável pela pesquisa, as primeiras beneficiadas por esse dinheiro a mais, já que ele acaba revertido para o consumo doméstico. Entre os serviços, atividades recreativas e esportivas, clínicas médicas e odontológicas, cabeleireiros e pet shops estão entre os que tiveram expansão significativa.
O pessoal ocupado nas micro e pequenas companhias paulistas aumentou 3,3% na comparação entre o primeiro semestre de 2005 e 2004. No mês de junho, no entanto, caiu 0,6% (o equivalente a 35 mil vagas a menos). Segundo a pesquisa, é comum que as empresas façam um "ajuste" de pessoal no meio do ano, e essa conduta "não necessariamente interrompe a tendência de crescimento".
O número de pessoas ocupadas e o faturamento foram os maiores dos últimos quatro anos. O melhor desempenho ainda é o do primeiro semestre de 2001.

São Paulo
Pela primeira vez, a pesquisa de indicadores do Sebrae-SP detalhou os dados para o município de São Paulo. Na cidade, o faturamento real das micro e pequenas cresceu 10,1% em junho na comparação com o mesmo mês em 2004. Nesse intervalo, o pessoal ocupado aumentou 5,2%, e o gasto com folha de salários, 5,6%.
No interior, as firmas faturaram 2,3% mais no mesmo período, e, nos municípios da região do Grande ABC, 2%. O número de pessoas ocupadas caiu 0,9% no ABC e subiu 4,3% no interior.
O Estado de São Paulo tem cerca de 1,3 milhão de micro e pequenas empresas formais. Elas representam 99% das empresas existentes no Estado e 67% do pessoal ocupado com ou sem registro.


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