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Superávit comercial chinês sobe 50% e registra recorde
BC diz que adotará medidas para elevar importações e facilitar saída de dólares
Entrada da moeda dos EUA
estimula empréstimos,
que aquecem ainda mais a
economia; crescimento foi
de 10,9% no 1º semestre
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A China registrou em julho
superávit comercial recorde de
US$ 14,6 bilhões, o que eleva o
saldo acumulado nos sete primeiros meses do ano para US$
76 bilhões, 50% a mais que em
igual período de 2005.
A crescente vantagem comercial e o forte ritmo de crescimento da economia levaram
o banco central do país a anunciar ontem que adotará medidas para estimular as importações, facilitar a saída de dólares
do país e permitir maior flexibilidade na cotação do yuan em
relação ao dólar.
O enorme superávit é um
problema para o governo chinês, já que aumenta a quantidade de dólares que entram no
país e estimula os investimentos, um dos principais motores
de crescimento da economia.
No segundo trimestre deste
ano, o PIB chinês teve expansão de 11,3%, o maior índice em
11 anos, o que reacendeu a discussão sobre o superaquecimento da economia.
Os investimentos em ativos
fixos, como fábricas, estradas e
máquinas, tiveram alta de
30,9%. Nos seis primeiros meses do ano, o crescimento chinês foi de 10,9%.
Os dólares que entram na
China na forma de pagamento
de exportações, investimento
estrangeiro e especulação são
adquiridos pelo BC e integram
as reservas internacionais.
Neste ano, a China ultrapassou o Japão e passou a deter o
maior volume de reservas do
mundo -US$ 941 bilhões (cerca de 1,5 vez o PIB brasileiro).
Ao comprar os dólares, o governo emite yuans, que inundam a economia local e se
transformam em empréstimos
de baixo custo para as empresas estatais tocarem seus projetos de investimentos, muitos
dos quais inviáveis.
Nos primeiros cinco meses
do ano, as instituições financeiras já tinham utilizado 72% da
meta de US$ 312,5 bilhões de
novos empréstimos fixada para
o ano. O estoque de crédito dos
bancos chineses está em US$
2,9 trilhões, algo próximo de
130% do PIB. No Brasil, o mesmo índice é de 31,2%.
As cifras de comércio chinesas também são bem maiores
do que as brasileiras. Apenas
em julho, o país asiático exportou US$ 80,3 bilhões, seis vezes
os US$ 13,6 bilhões do Brasil.
As importações foram de US$
65,7 bilhões, comparadas a US$
11,4 bilhões do Brasil.
Yuan desvalorizado
Além da inundação de dólares, os superávits recordes trazem outro problema para a
China: o aumento da pressão de
seus parceiros comerciais para
que valorize ainda mais o yuan.
Os concorrentes do país asiático no mercado internacional
sustentam que suas exportações são impulsionadas por um
câmbio mantido artificialmente desvalorizado.
Em julho de 2005, a China
permitiu a valorização de 2,1%
do yuan em relação ao dólar e
acabou com a vinculação de sua
cotação à moeda norte-americana. Desde então, o yuan ganhou mais 1,7% ante o dólar,
mas o movimento é considerado insuficiente por outros países, especialmente os EUA.
O superávit chinês bateu em
2005 o recorde de US$ 102 bilhões, com aumento de 219%
em relação ao saldo do ano anterior. Em 2006, a vantagem
comercial chinesa deverá se
aproximar de US$ 150 bilhões.
Na tentativa de amenizar as
pressões de seus parceiros, a
China se esforça para elevar
suas importações. Neste ano,
por exemplo, os chineses fizeram compras bilionárias de
aviões norte-americanos.
Com a Bloomberg
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