São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 2002

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Armínio vê recuperação de linhas

DO ENVIADO ESPECIAL À BASILÉIA

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse ontem que as linhas de financiamento ao comércio exterior brasileiro começaram a se recuperar mais rápido do que o governo esperava.
Duas semanas atrás, Fraga e o ministro Pedro Malan (Fazenda) tiveram encontro com banqueiros em Nova York para convencê-los a reabrir o crédito às empresas brasileiras, que caiu entre 20% e 25% nas últimas semanas, segundo o presidente do BC.
Sem mencionar percentuais, Fraga disse que a recuperação é ainda é "tímida", mas que significa um avanço, pois a principal preocupação do BC era evitar que os recursos fossem reduzidos ainda mais. "Temos que estar preparados para o pior, mas torcendo para o melhor", disse ele.
"O que era uma expectativa, a partir de Nova York, já está se concretizando. Então isso já é uma excelente notícia: as linhas estão voltando num ambiente global que não é nada favorável. Eu estou satisfeito", completou.
Fraga chegou à Suíça no sábado para encontrar-se com banqueiros e representantes de seguradoras europeus e asiáticos antes do encontro periódico de presidentes de bancos centrais do G-10, que foi realizado ontem, na sede do BIS (Banco Internacional de Compensações Internacionais).
Armínio e Malan viajam à Europa (veja quadro) para tentar reabrir as linhas de crédito ao país.
Segundo ele, as conversas com os banqueiros serviram para mudar opiniões, ou seja, desfazer preocupações quanto ao futuro do país após as eleições.
No domingo, Fraga participou de um painel com vice-presidentes e diretores de bancos centrais. Um dos temas do encontro foi o Brasil. Ontem, na reunião com os presidentes dos BCs, a situação do país também foi discutida.
"Eu diria que a discussão foi extremamente proveitosa. Eu senti em muitos [dos participantes" até uma certa mudança de visão", afirmou ele em relação ao encontro com os diretores de bancos centrais, no sábado.
Fraga tem usado como argumentos o saldo na balança comercial -previsão de US$ 7 bilhões neste ano -, a queda do déficit em conta corrente e solidez do sistema financeiro para convencer seus interlocutores.
"Quando a gente começa a falar com mais detalhes sobre tudo o que aconteceu com o Brasil nos últimos anos, como a gente conseguiu administrar essa situação, realmente há um elemento de surpresa no ar. Quando você diz que a previsão de consenso para o crescimento do Brasil neste ano está em torno de 1,5%, eles ficam surpresos, pois estão vendo a Argentina caindo 15% [queda do PIB esperada para 2002], e o Uruguai, 10%", disse.


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