São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Rolagem de dívida cambial pelo BC também alivia cotação da moeda

Entrada de recursos faz dólar recuar 1,84%, para R$ 3,102

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

A entrada de dólares no mercado cambial fez com que a moeda norte-americana iniciasse a semana em baixa, de 1,84%. O dólar encerrou o dia valendo R$ 3,102.
Segundo operadores do mercado financeiro, o fluxo de recursos ficou positivo ontem. Entre as mesas de operação, os boatos davam conta de que os recursos viriam da Votorantim, da Telesp Celular ou da Petrobras.
A tranquilidade foi mantida pelo sucesso do governo na rolagem da dívida cambial, de cerca de US$ 2 bilhões, que vence amanhã -11 de setembro. O mercado temia que o nervosismo em torno da data -um ano dos atentados nos EUA- gerasse dificuldades para a conclusão da operação.
Em mais duas ofertas de "swap" cambial (espécie de seguro que protege o investidor contra a variação do dólar), o Banco Central rolou, até ontem, 89,7% do débito. As taxas ficaram em torno dos 31%, como na semana passada.
Em meses anteriores, o mercado chegou a pedir juros superiores a 50% para aceitar o leilão de papéis semelhantes -essas taxas não foram aceitas pelo BC.
O mercado também se animou, mais uma vez, com especulações em torno de pesquisas eleitorais que serão divulgadas hoje. A expectativa era pelo isolamento do candidato do PSDB, José Serra, em segundo lugar. Serra é o candidato do mercado por ser associado à continuidade da atual política econômica.
Apesar do dia positivo, analistas ressaltam que o mercado vive, esta semana, em compasso de espera pelos desdobramentos de eventos internacionais -o 11 setembro e uma possível guerra entre os Estados Unidos e o Iraque.
"O fato de o dólar ter caído hoje (ontem) foi bastante positivo", avalia Alan Gandelman, da Ágora Sênior. "Mas não podemos deixar de ressaltar que o volume de negociações continua apático."

Reservas
Nos primeiros 30 dias após o anúncio do novo acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o BC gastou US$ 1,8 bilhão das reservas internacionais do país. Esse valor é menor do que o limite de US$ 3 bilhões imposto pelo acerto com o FMI.
Diferentemente de acordos anteriores, o atual limita em US$ 3 bilhões a queda que pode ser registrada pelas reservas internacionais num período de 30 dias corridos. É das reservas, por exemplo, que saem os dólares usados nas intervenções do BC no mercado cambial e no pagamento de parcelas da dívida externa.
Entre 8 de agosto -um dia depois do anúncio da conclusão do acordo- e a última sexta-feira, as reservas internacionais do país caíram de US$ 39,2 bilhões para US$ 37,4 bilhões.
Os motivos dessa queda só devem ser oficialmente divulgados no final do mês. A maior parte do movimento se refere às intervenções do BC no mercado de câmbio, que somaram aproximadamente US$ 2 bilhões. Outros US$ 248,5 milhões foram gastos com a venda de dólares destinada ao financiamento das exportações.
No entanto as reservas foram reforçadas com os US$ 290 milhões recomprados pelo BC como parte dos leilões de linhas externas realizados em julho. Nesses leilões, os dólares vendidos aos bancos são recomprados posteriormente pelo próprio BC.
Além disso, há o efeito da variação das taxas de câmbio ocorrida no período. As reservas internacionais são constituídas de aplicações feitas em moedas estrangeiras -além do dólar, são feitos investimentos em euros e em ienes, por exemplo. A variação da cotação dessas moedas em relação ao dólar afeta o nível das reservas internacionais, medidas em dólar.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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