|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Com a concessão de empréstimos praticamente parada, instituições passaram a cobrar para manter as contas
Bancos da Argentina criam taxas e sobem comissões
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Os bancos argentinos criaram
novas taxas e aumentaram as comissões cobradas dos clientes para sobreviver em um cenário em
que altas taxas de juros e inadimplência praticamente paralisaram
a concessão de empréstimos.
Neste ano, os argentinos passaram a pagar por serviços como a
concessão de novos cartões e a administração de contas correntes,
que não tinham custos até 2001.
Além disso, os clientes também tiveram que passar a pagar comissões maiores para sacar dinheiro
em caixas automáticos.
No caso de concessão de empréstimos, os juros anuais, que
oscilavam em torno de 20% em
2001, passaram a um patamar
médio de 90% neste ano.
Já a compra e venda de dólares,
que não gerava lucro durante os
11 anos do regime de conversibilidade, passou a render comissões
médias de 3% sobre as transações.
Para o câmbio de "quase-moedas" (bônus do Estado e das Províncias que funcionam como papel-moeda no país) por pesos, a
comissão bancária alcança 8%.
Ao mesmo tempo, os bancos
perderam faturamento com a
concessão de crédito. Segundo
dados do Banco Central, a carteira
de empréstimos dos bancos recuou 26,1% nos oito primeiros
meses deste ano. Além disso, o
número de cartões de crédito em
circulação caiu de 8 milhões para
5,6 milhões -ou 30,4%- nos últimos dois anos.
Para analistas, as novas receitas
não vão garantir a manutenção da
lucratividade bancária. "Grande
parte do faturamento futuro dos
bancos virá de taxas e comissões.
No entanto, não é correto dizer
que os bancos sairão ganhando",
disse Carina López Espiño, analista de bancos da Standard &
Poor's
Para ela, "os bancos perderam
praticamente todo o patrimônio"
com a moratória da dívida externa, o crescimento da inadimplência, a "pesificação" da economia e
a fuga de depósitos neste ano.
As novas fontes de receita podem, no entanto, adiar a esperada
reestruturação do sistema financeiro, que representa uma das
principais pré-condições do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
para fechar um novo acordo com
a Argentina.
Segundo o próprio BC, o número de bancos instalados no país
deveria recuar de 100 para 40 devido à crise e à fuga de depósitos
dos bancos. No entanto, até ontem apenas o canadense Scotiabank, o francês Crédit Agricole e o
italiano Banca Nazionale del Lavoro haviam anunciado que deixariam de investir na Argentina
no curto ou no médio prazo.
Outro grupo italiano, o IntesaBCI, que controla o Sudameris,
anunciou na tarde de ontem que
vai se desfazer de suas participações na Argentina, no Peru, no
Paraguai e no Uruguai e se retirar
totalmente da América Latina.
Essas participações da IntesaBCI não foram incluídas na venda
do Sudameris para o Itaú. Segundo sua assessoria de imprensa, o
Itaú deve concretizar ainda neste mês a compra apenas dos ativos
do Sudameris no Brasil.
Texto Anterior: Trabalho: Para evitar "lista negra", TRTs tiram de sites nomes de trabalhadores Próximo Texto: Reality show vai definir candidato na Argentina Índice
|