|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mercado para obeso gira um Chile nos EUA
Produtos específicos para público acima do peso movimentam US$ 117 bi, ante US$ 33 bi na indústria de emagrecimento
Cadeira reforçada, roupa e carrinho de bebê, academia para quem pesa mais de
100 kg e até caixões fazem parte da lista disponível
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
De berços e cadeiras de bebês
a caixões, de guarda-chuvas a
hotéis exclusivos, de cadeiras
sem braços (para evitar que se
fique preso) a camas com estrutura de aço reforçada. O mercado de bens e serviços voltados à
obesidade nos EUA movimenta
US$ 117 bilhões ao ano, valor
equivalente ao PIB de um país
como o Chile. O levantamento,
do CDC (Centro de Controle e
Prevenção de Doenças), foi feito a partir de projeção da cobrança de impostos. Do outro
lado, a indústria do emagrecimento mobiliza US$ 33 bilhões
anuais.
Segundo o estudo do CDC,
71% dos homens, 61% das mulheres e 33% das crianças estão
acima do peso ideal nos EUA.
Do total da população, 64% são
considerados obesos (quando o
índice de massa corporal -peso dividido por altura elevada
ao quadrado- é superior a 30).
A loja Amplestuff.com diz
vender de tudo para "pessoas
grandes", menos roupa. As
concorrentes LargeDirectory.com e SuperSizeWorld.com oferecem serviços
de busca de produtos em mais
de 5.000 lojas especializadas.
"Não posso dizer aos clientes
que percam peso", diz William
Fabrey, dono da Amplestuff
(coisas amplas, numa tradução
literal). A idéia de abrir um negócio voltado para o mercado
da obesidade, diz Fabrey, surgiu a partir de queixas de uma
amiga de que não encontrava
produtos básicos, como esponjas de banho com cabos mais
longos ou cadeiras mais resistentes. "Vendo qualidade de vida. É preciso facilitar o dia-a-dia dessas pessoas", afirma.
A indústria automotiva tem
feito em carros cada vez mais
largos para acomodar pessoas
maiores; todos com extensores
de cintos de segurança. Até
roupas de bebês já são vendidas
no tamanho GGG e carrinhos
de passeio e cadeiras vêm mais
resistentes e mais largas.
Em todo o país já existem
academias de ginástica segmentadas para quem está "acima do peso". Na entrada, o teste da balança. Pesou menos de
100 kg, não entra. É uma maneira, dizem, de não submeter
os obesos ao suposto constrangimento de se exercitar ao lado
de pessoas em (boa) forma.
Em seu site na internet, a funerária Batesville Casket chama os caixões GGG de "pequenos cômodos mais largos para a
"viagem final da vida'".
Joan Belkin, 35, vendedora,
pesa 160 kg. Compra a maior
parte dos produtos on-line.
"Ainda tenho vergonha de ir
aos shoppings", diz. "Vê essa
cadeira mais larga [ela mostra]? É reforçada em aço e não
tem braços. As lojas comuns
não vendem coisas assim."
"É preciso haver uma ação
afirmativa das pessoas que estão acima do peso. Não me sinto mal por ser obeso", diz David
Fried, 38, 140 kg.
O aumento do peso, revela o
CDC, é inversamente proporcional à expectativa de vida,
com diferença de até cinco
anos, impacto maior que doenças cardíacas e câncer. O Departamento de Saúde dos EUA
criou uma agência para o controle da doença e página com
orientações de saúde e nutrição
na internet. (www.cdc.gov/nccdphp/dnpa/obesity/).
Texto Anterior: Medida presume doença ocupacional; empresas terão de provar o contrário Próximo Texto: Americano não cabe em raio-X e ressonância Índice
|