São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Bancos centrais mundiais estão em compasso de espera

Reunidos na Suíça, representantes dizem que ainda aguardam sinais de como a crise nas Bolsas afetou a economia para agirem

Crescem previsões de que o Fed cortará juro nos EUA no dia 18; na semana passada, BCE e Banco da Inglaterra mantiveram as suas taxas

DA REDAÇÃO

Os comandantes dos principais bancos centrais mundiais, reunidos na Basiléia (Suíça), disseram ontem aguardar, antes de tomar novas medidas, sinais claros sobre como as turbulências nos mercados, que ficaram mais acentuadas no mês passado, afetaram a economia.
Para eles, a estratégia de esperar para ver é a melhor no momento, dada a atual volatilidade. O encontro do BIS (Banco para Compensações Internacionais) reúne até depois de amanhã os presidentes dos BCs dos dez países mais ricos do mundo e dos principais mercados emergentes, entre eles o brasileiro Henrique Meirelles. Os presidentes dos BCs dos EUA, Ben Bernanke, e da zona do euro, Jean-Claude Trichet, participam da reunião, mas não falaram com jornalistas.
A economia mundial vive fase turbulenta desde o final de julho, quando os temores sobre o mercado imobiliário norte-americano afetou bancos e levou a vendas de papéis de risco.
Na última sexta-feira, as principais Bolsas mundiais tiveram quedas acentuadas, com a divulgação dos números de criação de empregos nos EUA, que ficaram negativos, no mês passado, pela primeira vez em quatro anos -no Brasil, a Bovespa não funcionou devido ao feriado, e a expectativa é a de que comece a semana em baixa.
Os dados de emprego nos EUA aumentaram os temores de que os problemas do mercado de crédito imobiliário estejam contaminando o restante da principal economia mundial e que ela esteja entrando em um período de recessão.
O presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, reassegurou que o impacto na economia chinesa tem sido "muito limitado", mas acrescentou que os efeitos nas finanças globais ainda são incertos.

Juros
O Banco Central Europeu (BCE), o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão evitaram elevar a taxa de juros em suas últimas reuniões, à espera de uma leitura clara sobre a reação das economias à turbulência.
Porém, os números sobre emprego consolidaram as expectativas de que o Fed (o BC dos EUA) deve cortar os juros na sua reunião do dia 18. O dólar atingiu o seu menor nível em 15 anos em relação às demais principais moedas.
Investidores, contudo, ainda apostam em que o BCE irá retomar o seu ciclo de alta dos juros, quando os mercados se acalmarem. Representantes do banco afirmaram ontem que o cenário econômico do bloco está mais incerto depois da turbulência, mas que esperam por mais informações para ratificar tal previsão.
"O prudente é esperar para ter uma avaliação da instabilidade atual. É por isso que não aumentamos a taxa. Depois da avaliação, decidiremos", declarou o presidente do banco central espanhol, Miguel Ángel Fernández Ordóñez.

FMI
O diretor-geral do FMI, Rodrigo de Rato, afirmou ao "Financial Times" que o acentuado reajuste dos riscos nos mercados financeiros deve ser bom para a estabilidade da economia mundial no médio prazo. "Esse ajuste provavelmente é bem-vindo, mas não significa que seja indolor."
Na sexta-feira, Rato dissera que que os problemas nos mercados são "uma crise grave, que certamente terá efeitos em 2007 e 2008" e "terá conseqüências para a economia real". Essas declarações também colaboraram para a queda nas Bolsas naquele dia, de acordo com analistas.


Com Reuters

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