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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Carlos Lessa se reuniu com o presidente e ministros ontem à noite

BNDES pede a Lula R$ 25 bi para poder emprestar mais

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, pediu ontem à noite ao governo um reforço no capital do banco de R$ 25 bilhões para fazer frente aos novos investimentos industriais, de acordo com o que a Folha apurou.
Lessa defendeu o reforço orçamentário durante encontro do qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), além de Cássio Casseb (Banco do Brasil) e Jorge Matoso (Caixa Econômica Federal). Na reunião, que constava como reservada na agenda de Lula, foi debatida a saída para novos investimentos e seus entraves.
Dos R$ 25 bilhões, R$ 15 bilhões seriam obtidos por meio de recursos transferidos do Tesouro para o banco, R$ 5 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e mais R$ 5 bilhões em ações de empresas estatais.
O banco quer aumentar seu capital, atualmente em R$ 13 bilhões, para R$ 38 bilhões, o montante considerado ideal pela diretoria do banco para dar partida a essa nova fase de investimentos.
A carteira de empréstimos do BNDES é, hoje, de R$ 150 bilhões, um volume muito grande em relação ao capital do banco, de R$ 13 bilhões, acima do índice mínimo exigido pelo Banco Central. O cálculo desse índice faz parte do Acordo da Basiléia, que trata da saúde financeira dos bancos no país. O total de ativos do banco é mais de 11 vezes maior do que o seu patrimônio, enquanto o mínimo exigido pelo BC é de 11 vezes.
Lessa apresentou esse pleito de capitalização do banco ao Ministério da Fazenda, há algumas semanas, mas não teve resposta. Há poucos dias, o ministro Luiz Fernando Furlan também defendeu o plano do BNDES.

Superávit
O argumento de Lessa é que, nos últimos anos, o BNDES repassou praticamente todo o lucro que obteve para a União com o objetivo de o país poder cumprir as metas de superávit primário (economia para o pagamento de juros) acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional). As metas foram cumpridas, mas, em contrapartida, o BNDES se descapitalizou.
Com a capitalização do BNDES, Lessa afirma que não só o banco vai adequar sua estrutura de capital às regras de Basiléia como também terá condições de ser o indutor de uma nova fase de investimentos na economia.
O BNDES defende um plano de investimentos voltados principalmente para infra-estrutura de cerca de 7% do PIB por ano para o país. Na década de 70, o país chegou a investir cerca de 11% do PIB ao ano.


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