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FIM DO SUFOCO?
Carlos Lessa se reuniu com o presidente e ministros ontem à noite
BNDES pede a Lula R$ 25 bi para poder emprestar mais
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, pediu ontem à noite ao governo um reforço no capital do banco de R$ 25 bilhões para fazer
frente aos novos investimentos
industriais, de acordo com o que a
Folha apurou.
Lessa defendeu o reforço orçamentário durante encontro do
qual participaram o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros José Dirceu (Casa Civil),
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
Guido Mantega (Planejamento) e
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), além de Cássio Casseb
(Banco do Brasil) e Jorge Matoso
(Caixa Econômica Federal). Na
reunião, que constava como reservada na agenda de Lula, foi debatida a saída para novos investimentos e seus entraves.
Dos R$ 25 bilhões, R$ 15 bilhões
seriam obtidos por meio de recursos transferidos do Tesouro para
o banco, R$ 5 bilhões do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) e mais R$ 5 bilhões em ações
de empresas estatais.
O banco quer aumentar seu capital, atualmente em R$ 13 bilhões, para R$ 38 bilhões, o montante considerado ideal pela diretoria do banco para dar partida a
essa nova fase de investimentos.
A carteira de empréstimos do
BNDES é, hoje, de R$ 150 bilhões,
um volume muito grande em relação ao capital do banco, de R$ 13
bilhões, acima do índice mínimo
exigido pelo Banco Central. O cálculo desse índice faz parte do
Acordo da Basiléia, que trata da
saúde financeira dos bancos no
país. O total de ativos do banco é
mais de 11 vezes maior do que o
seu patrimônio, enquanto o mínimo exigido pelo BC é de 11 vezes.
Lessa apresentou esse pleito de
capitalização do banco ao Ministério da Fazenda, há algumas semanas, mas não teve resposta. Há
poucos dias, o ministro Luiz Fernando Furlan também defendeu
o plano do BNDES.
Superávit
O argumento de Lessa é que,
nos últimos anos, o BNDES repassou praticamente todo o lucro
que obteve para a União com o
objetivo de o país poder cumprir
as metas de superávit primário
(economia para o pagamento de
juros) acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional). As
metas foram cumpridas, mas, em
contrapartida, o BNDES se descapitalizou.
Com a capitalização do BNDES,
Lessa afirma que não só o banco
vai adequar sua estrutura de capital às regras de Basiléia como também terá condições de ser o indutor de uma nova fase de investimentos na economia.
O BNDES defende um plano de
investimentos voltados principalmente para infra-estrutura de cerca de 7% do PIB por ano para o
país. Na década de 70, o país chegou a investir cerca de 11% do PIB
ao ano.
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