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FIM DO SUFOCO?
Pesquisa concluída neste mês, com 500 empresas, indica projeções mais otimistas; Fiesp pede cautela
Indústria diminui estoque e aumenta a produção, diz FGV
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A demanda da indústria aumentou, os estoques diminuíram,
a utilização da capacidade das fábricas subiu e as projeções de negócios para os próximos seis meses são mais favoráveis do que
eram em julho. Ainda, o mercado
interno -enfraquecido no primeiro semestre- voltou a ser interessante para os empresários.
É isso o que constatou a FGV
(Fundação Getúlio Vargas) em
um levantamento com 500 indústrias de 21 setores, realizado entre
os dias 16 de setembro e 6 de outubro. Esse estudo é uma prévia da
Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, que colhe
informações de cerca de mil indústrias a cada três meses. A fundação considera os dados extremos -pior ou melhor- para
analisar o situação atual e as projeções das indústrias.
Três dados mostram a recuperação da indústria de transformação, informa a FGV. Em outubro,
17% das empresas informaram
que a demanda está mais forte.
No levantamento de julho, esse
índice era de 14%. Também diminuiu nesse período o percentual
de empresas que consideram a
demanda fraca -de 38%, em julho, para 22% em outubro.
Das empresas consultadas, 19%
disseram que os estoques estão
excessivos -27% delas viviam
essa situação em julho. E 4% delas
consideram o estoque insuficiente -eram 2% em julho. A utilização da capacidade, de 78,5%, é
um ponto percentual maior do
que a verificada em julho.
"Os empresários estão menos
pessimistas", afirma Aloísio Campelo Jr., coordenador de pesquisas empresariais da FGV. A redução das taxas de juros, o estímulo
do governo a alguns setores e a
proximidade do final do ano,
quando, tradicionalmente, as
vendas aumentam, explicam a
melhora no ânimo das empresas.
As perspectivas para demanda,
produção e emprego para o último trimestre deste ano, segundo
a FGV, estão melhores do que as
feitas para igual período de 2002.
Para 44% das empresas consultadas, a demanda vai subir e, para
16%, diminuir. Em igual período
do ano passado, esses percentuais
eram 33% e 23%, respectivamente. Para 41% delas, a produção sobe. Para 24%, diminui. Há um
ano, esses percentuais eram 32% e
27%, respectivamente.
A boa notícia para o trabalhador, segundo a FGV, é que as
perspectivas de contratação de
pessoal são melhores. Para 21%
das empresas, o emprego vai aumentar e para 18% irá diminuir.
Há um ano, esses números eram
17% e 21%, respectivamente.
O que chamou a atenção dos
economistas da FGV nesse levantamento foi o fato de as perspectivas de negócios para o mercado
interno estarem mais animadas
do as para o externo. Para 46%
dos empresários, a demanda doméstica deve subir neste trimestre. Em julho, 41% das empresas
esperavam aumento e, há um
ano, 30%. "Isso significa que as
importações podem subir nos
próximos meses", diz Campelo.
As perspectivas para as exportações, segundo o levantamento da
FGV, já estão no caminho inverso. Para 30% das empresas, a demanda externa vai aumentar neste trimestre. Em julho, eram 42%
e, em outubro de 2002, 40%. "O
olho da indústria passou a ser o
mercado interno", afirma. Vale
lembrar que as exportações tradicionalmente enfraquecem no último trimestre do ano.
Cautela
Empresários ouvidos pela Folha consideram que há sinais de
melhora na economia brasileira
-em agosto, a produção industrial subiu 1,5% sobre julho, segundo o IBGE. "Mas não podemos fazer uma interpretação leviana desses dados", afirma Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo).
Os empresários estão mais otimistas agora do que em julho deste ano e do que em outubro do
ano passado porque aqueles foram períodos ruins para o país.
Em julho, diz, a indústria viveu o
fundo do poço e, em outubro de
2002, o país estava sob os efeitos
da troca de governo e de uma crise financeira -o dólar beirava R$
4. "Vivemos uma fase melhor na
economia, mas na comparação
com um período crítico."
Boris Tabacof, vice-presidente
do conselho de administração da
Cia. Suzano de Papel e Celulose,
diz que os sinais de reação da economia ainda são tímidos. O setor
de papel e celulose, diz, ainda é
sustentado pelas vendas externas.
De janeiro a agosto, diz, a produção de papel cresceu 0,6% sobre igual período do ano passado.
As vendas no mercado interno
caíram 5,8%, e as exportações
cresceram 15,4% no período.
"Essa recuperação existe, mas
não podemos esquecer que o país
viveu um ano de paralisia. Então,
qualquer sinal de melhora é positivo e deve ser celebrado", diz José
Augusto Marques, presidente da
Abdib, associação que reúne a indústria de base e infra-estrutura.
Esse setor, diz, depende de investimentos do governo e da iniciativa privada. "Por enquanto, não há
sinais de que virão já", afirma.
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