São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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Premiado dá aulas na Universidade Columbia para apenas nove alunos

GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

O economista Edmund Phelps não era, até ontem, dos professores mais badalados da Universidade Columbia, em Nova York. Em um universo em que acadêmicos são tratados como estrelas, o anúncio da escolha do Nobel de Economia pegou muitos estudantes de surpresa ao abrirem a página inicial do site da universidade com a notícia "Professor Edmund S. Phelps Wins 2006 Nobel Prize in Economics".
Apenas nove alunos estavam inscritos em sua aula sobre problemas econômicos no mundo. O limite para a matéria seria de cerca de 60 alunos. Estudantes da graduação, do mestrado e do doutorado de quase todas as escolas da Columbia podiam se matricular -as exceções são a Escola de Direito e, curiosamente, a de Administração (o que inclui o MBA).
Como comparação, o professor Jeffrey Sachs, considerado um dos economistas mais influentes do mundo, possui 95 estudantes em sua classe sobre ecologia e desenvolvimento sustentável. As aulas de Joseph Stiglitz possuíam listas de espera com dezenas de estudantes no semestre passado -ele não está dando aulas neste. O historiador de Oriente Médio Rachid Khalidi teve que lecionar em um auditório com capacidade para 200 alunos tamanha era a procura para a sua matéria no semestre passado.
Phelps também ministra um seminário (classes menores) sobre teoria macroeconômica, que tem dez alunos. A matéria é obrigatória para estudantes que querem se graduar em economia na universidade. O numero é considerado normal (Khalidi tem 15 alunos em seu seminário sobre a Palestina, e Sachs possui 25 em seu seminário sobre desafios do desenvolvimento sustentável).
Após o anúncio do Nobel, diversos estudantes planejavam assistir às aulas de Phelps como ouvintes às terças e quintas-feiras, das 14h40 as 15h55 -o seminário de teoria macroeconômica não permite ouvintes.
No próximo semestre, o novo Nobel de Economia passará a ser uma das estrelas acadêmicas dos EUA, com possíveis ofertas para se transferir para outras universidades ou então para permanecer em Columbia, onde leciona desde 1971.
Os professores de macroeconomia sempre fizeram questão de explicar que a teoria de Phelps foi concebida por um professor que ainda circula pelos corredores da universidade.
Já os nove alunos estudantes de seu curso neste semestre poderão dizer que um Nobel os conhece pelo nome e que não se inscreveram na matéria dele apenas por causa do prêmio.


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