São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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IBGE reduz, pela 9ª vez, projeção da safra 2006

Principal motivo para a redução em setembro foi a baixa produção de trigo

Instituto prevê 116,546 mi de toneladas, 0,76% menos do que a estimativa feita em agosto; primeiros cálculos indicavam safra de 126 mi


DA SUCURSAL DO RIO

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revisou para baixo, pela nova vez seguida, a estimativa para a safra deste ano. Com os baixos resultados da produção de trigo, principal cultura de inverno, o instituto reduziu em setembro sua projeção de safra para 116,546 milhões de toneladas. O resultado representa queda de 0,76% em relação a agosto.
O instituto previu inicialmente produção da ordem de 126 milhões de toneladas. Apesar das revisões para baixo, a projeção de setembro ainda representa alta de 3,53% na comparação com a safra do ano passado, de 112,574 milhões de toneladas.
Segundo o agrônomo Paulo Renato Corrêa, a agricultura foi muito prejudicada em 2005 pela seca na região Sul. Apesar da recuperação de alguns produtos neste ano, arroz, soja e trigo registraram quedas na área plantada.
Com os preços em baixa, a área plantada de arroz teve queda de 954,1 mil hectares. A apreciação do real em relação ao dólar reduziu os preços da soja, que teve queda de 922,1 mil hectares na área plantada.
Para o agrônomo, a redução na estimativa de safra em setembro ocorreu em razão do desempenho do trigo. "O produto enfrentou problemas com a seca e com as geadas no final de agosto e setembro no Paraná e no Rio Grande do Sul." O instituto prevê produção de trigo da ordem de 2,557 milhões de toneladas, o que significa queda de 45,1% na comparação com a safra do ano passado.
Trata-se do menor resultado desde 2000, quando a produção somou R$ 1,725 milhão de toneladas. Além disso, o patamar de produção atual é próximo do verificado no início dos anos 80.

Produção prejudicada
Para o IBGE, os principais responsáveis pelo desempenho foram a redução da área plantada de trigo (de 25,39% no total de áreas plantadas nos Estados produtores). A baixa cotação do produto no mercado interno e as dificuldades de comercialização também prejudicaram a produção.
"O preço do trigo estava abaixo do preço mínimo. Importamos muito trigo da Argentina, que entra no país com preço bem inferior. Já estamos importando até farinha, o que pune o produtor", afirmou.
Inadimplência, restrições no acesso ao crédito e a descapitalização dos produtores resultaram na implantação de uma safra de trigo com baixo nível tecnológico. Somados aos problemas estruturais e de concorrência, a estiagem nos meses de abril e maio e as geadas no período de agosto e setembro afetaram a produção. (JANAINA LAGE)


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