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Grupo espanhol vence leilão de rodovias
Com deságio de até 65% no valor proposto para pedágios, empresa OHL arremata 5 de 7 trechos de estradas federais em licitação
Espanhola ganha lote
da Fernão Dias e da
Régis Bittencourt e se torna a maior concessionária em quilômetros administrados
Leonardo Wen/Folha Imagem
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José Carlos Ferreira de Oliveira, da OHL Brasil (centro), em leilão de estradas na Bolsa de SP
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A empresa de origem espanhola OHL foi a principal vencedora do leilão de sete trechos
de rodovias federais ocorrido
ontem. A companhia ficou com
todos os cinco lotes para os
quais ofereceu propostas, entre
eles a Fernão Dias (BR-381 entre São Paulo e Belo Horizonte)
e a Régis Bittencourt (BR-116,
entre Curitiba e São Paulo). No
total, os lotes ganhos por ela somam 2.078 km.
As outras vencedoras foram a
BRVias, que administrará um
pedaço paulista da BR-153, e a
também espanhola Acciona,
que deve ser a concessionária
de um trecho fluminense da
BR-393 -caso a Justiça confirme a legalidade de sua proposta, que só foi apresentada depois de um mandado de segurança deferido ontem.
Até o dia 19 deste mês, a
CBLC (Companhia Brasileira
de Liquidação e Custódia) irá
averiguar os documentos apresentados pelas vencedoras,
que, se aprovados, devem assinar os contratos em janeiro no
ano que vem.
A partir de então, elas terão
seis meses para fazer reparos
básicos nas vias, para só depois
passarem a cobrar pedágio, que
será reajustado anualmente segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). As
concessões têm duração prevista de 25 anos.
Além da Fernão e da Régis, a
OHL ficou também com o trecho entre Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), do qual fazem
parte as BRs 116, 376 e 101.
Também levou o da BR-101 no
Rio de Janeiro e o trecho da
BR-116 que vai de Curitiba até a
divisa entre Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
Com as aquisições de ontem,
ela se torna agora a maior concessionária do Brasil em quilômetros administrados. Como já
administrava outros 1.147 km
distribuídos em quatro estradas no interior de São Paulo, estará presente agora em 3.225
km em todo o país.
Ainda assim, segundo o presidente da OHL Brasil, José
Carlos Ferreira de Oliveira, sua
empresa continua a segunda
colocada em arrecadação e tráfego de veículos, perdendo para
a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), que ontem
fez lances perdedores para a
Fernão, a Régis e a BR-101.
Deságio
O maior deságio de ontem foi
o alcançado durante a apresentação de propostas para Fernão
Dias, considerado um dos trechos mais atraentes. O valor de
R$ 0,997 proposto pela OHL é
65,43% mais barato do que o teto estipulado para o leilão pela
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres).
O valor vencedor mais próximo do máximo previsto foi o
oferecido pela Acciona para a
BR-393: R$ 2,94, com uma diferença negativa de 27,17%.
"Fiquei surpreendido com
esses [altos] deságios", afirmou
ao final do leilão José Alexandre Resende, diretor-geral da
agência reguladora. Para ele, o
resultado, que considerou positivo, foi um reflexo da "transparência" do processo de concorrência e do "alto número de
players" na disputa.
Os baixos lances feitos pela
OHL em relação aos concorrentes provocavam reação na
platéia de investidores que assistiam ao leilão. A cada envelope aberto da empresa, era possível ouvir expressões generalizadas de surpresa.
Suas propostas foram ameaçadas apenas pelas da BRVias,
que, durante toda a tarde, polarizou os principais lances com a
espanhola.
Em quatro de cinco envelopes vencedores da OHL, o consórcio brasileiro, junção da
Splice, do empresário Antonio
Beldi, do grupo Áurea (pertencente à família Constantino, da
Gol) e da construtora Walter
Torre, foi a que ofereceu as segundas menores tarifas.
O leilão foi interrompido depois do quarto lote, o da BR-101, devido a um mandado de
segurança pedido pela Acciona
e deferido pela 16ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.
Desclassificada anteontem
por não ter apresentado um
dos documentos requeridos, a
empresa afirmou que tinha o
documento, mas que estava em
uma relação de papéis a ser entregue pelos vencedores hoje.
Ela pediu, então, à juíza Tânia Regina Marangoni que ordenasse a abertura de suas propostas, antes mesmo de julgar o mérito da questão, para garantir que seus lances fossem apreciados. José Alexandre Resende, diretor-geral da ANTT, afirmou que, por isso, essa concessão ainda está "sub judice".
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