São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Bovespa chega a subir 4,9%, mas segue EUA e recua 3,9%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa não resistiu ao derretimento do mercado norte-americano no fim do pregão de ontem. Após se manter em terreno positivo até as 15h30, a Bolsa de Valores de São Paulo perdeu fôlego rapidamente e acabou por encerrar com perdas de 3,92%, a 37.080 pontos.
Em apenas sete pregões em outubro, a Bovespa se desvalorizou em 25,15% e recuou para seu menor patamar em dois anos. Isso a levou a passar a acumular queda de 41,96% em 2008. Enquanto os mercados nos EUA não pioravam, a Bolsa de Valores de São Paulo se sustentava com ganhos. Em seu melhor momento do dia, marcou valorização de 4,89%.
Mas, com a piora lá fora, os investidores não hesitaram em vender ações no mercado doméstico o quanto antes, como forma de aproveitar os preços mais elevados atingidos pela Bolsa no pregão.
As ações da Vale ilustram bem a movimentação do mercado ontem. Seu papel ordinário, que subiu até 7,03% de manhã, encerrou com queda de 3,65%; e o preferencial "A", que marcou alta de 6,04% na máxima, fechou com baixa de 4,84%. Ou seja, quem tinha conseguido lucrar algo com a apreciação da ação da Vale rapidamente a vendeu após a piora do mercado para embolsar os ganhos conquistados no dia.
Com a depreciação de ontem, as ações da Vale passaram a registrar perdas acumuladas em 2008 de 51,21% (PNA) e 52,55% (ON). Apesar de os papéis da Vale estarem muito desvalorizados, nada impede que recuem ainda mais. A ação é muito negociada pelos investidores estrangeiros, que não têm dado trégua aos papéis de companhias brasileiras.
A saída de capital externo da Bolsa já alcança seu quinto mês seguido. Neste mês, até o dia 7, R$ 1,65 bilhão já havia deixado os papéis de companhias nacionais. Em todo o mês de setembro, saiu R$ 1,81 bilhão. No ano, os estrangeiros tiraram mais de R$ 20 bilhões da Bolsa.
"Se dependesse apenas dos nossos fundamentos econômicos, a Bolsa brasileira não deveria estar sofrendo tanto. Mas estamos conectados ao mercado internacional e não conseguimos passar à margem da crise", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores. "E, quando o mercado começa a piorar lá fora, como no fim das operações de hoje [ontem], ninguém quer ficar com ação em carteira para avaliar melhor o que está ocorrendo. A ordem é vender o que der o quanto antes."

Petróleo para baixo
Com o petróleo cada vez mais barato, as ações da Petrobras também têm recuado com força, independentemente das perspectivas positivas para a companhia no futuro. Ontem, o papel PN da Petrobras caiu 3,07% -sua desvalorização no ano alcança 41,08%. A ação ON da estatal caiu 6,81% ontem.
O petróleo recuou mais 2,65%, para encerrar vendido a US$ 86,59 em Nova York. Há três meses, o barril de petróleo era negociado a US$ 147.
Os papéis dos grandes bancos brasileiros estiveram entre os destaques de baixa do pregão: Banco do Brasil ON perdeu 7,86%; Unibanco unit recuou 7,72%; Bradesco PN caiu 7,15%; e Itaú PN, 5%.
Como o mercado europeu já estava fechado após o derretimento das Bolsas nos EUA, são fortes as chances de os negócios abrirem em queda hoje na região -o que pode ser ruim para o mercado local.


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