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CVM mira operações financeiras
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai mudar
a forma como as empresas
abertas apresentam informações sobre uso de instrumentos financeiros nos balanços. A nova regra, ainda
em elaboração, pretende tornar claro aos acionistas as
conseqüências de operações
financeiras complexas.
Hoje, a forma aceita facilita a camuflagem de operações que podem gerar enormes riscos aos acionistas. A
idéia é que o novo modelo
passe a valer no início do
próximo ano, quando começam a ser divulgados os balanços de 2008.
Isso pode tornar mais
transparentes operações financeiras como as utilizadas
por Sadia e Aracruz. A contratação de operações complexas de derivativos cambiais por essas empresas geraram prejuízos que, somados, chegam a R$ 2,7 bilhões.
Elizabeth Machado, superintendente de relações com
empresas da CVM, disse ontem, no entanto, que a norma não vai impedir a contratação de qualquer instrumento financeiro pelas empresas. A meta é tornar a informação mais clara aos investidores. Ela explicou que
a CVM atua hoje em dois
fronts de fiscalização.
A primeira é observar se as
empresas cumprem a legislação de companhias abertas e
publicam corretamente as
informações. A segunda forma é seletiva, quando são
pinçadas algumas empresas
para averiguação. Essas investigações, disse Machado,
também podem ser deflagradas depois de eventos extraordinários reportados pelas empresas ou denunciados pelo mercado.
São as únicas formas de
fiscalização. "Nossos recursos são escassos", diz Machado. Em relação às operações
financeiras de risco, a CVM
considera essa uma prerrogativa do administrador, que
está sujeito aos riscos de
mercado e também às sanções legais previstas nas normas de "gestão diligente".
Para Thomas Felsberg, advogado especialista em direito empresarial, a exposição
das empresas a riscos financeiros não é um problema da
CVM, mas do conselho de
administração da companhia. "É uma questão de governança corporativa. O que
é necessário é a existência de
controle e acompanhamento
da própria companhia", afirma. Felsberg avalia que a
missão da CVM é a de exigir
transparência, principalmente para complexas operações financeiras.
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