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BC volta a agir, e dólar fica abaixo de R$ 2,20
Com venda de moeda das reservas e de "swap", governo quer conter especulação
Moeda americana recuou 3,59%; para analistas, autoridade monetária deve continuar atuando para impedir oscilações extremas
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A intervenção do Banco Central no mercado de câmbio levou o dólar comercial ao segundo dia consecutivo de queda. A
moeda americana recuou
3,59% ontem, para R$ 2,198,
enquanto o BC realizava dois
leilões de venda de divisas das
reservas internacionais e um
de contratos de "swap" cambial, um tipo de papel que oferece proteção futura contra a
variação das cotações.
A quinta-feira foi de menos
nervosismo nesse segmento do
mercado do que as sessões anteriores, mas isso porque o expediente já estava encerrado
quando a Bolsa de Nova York
começou a cair. "Esperamos
para amanhã [hoje] mais tumulto e volatilidade", afirmou
Mário Battistel, gerente da Fair
Corretora.
Para os analistas, a autoridade monetária deve continuar
atuando a fim de tentar impedir oscilações muito grandes do
dólar. "O BC está preocupado
em fornecer liquidez para o
mercado", explica Reginaldo
Galhardo, gerente da Treviso
Corretora.
Desde o início da semana, o
volume de negociações com a
moeda estava pequeno por causa das incertezas generalizadas,
que espantavam as empresas
do setor de comércio exterior.
Ontem, porém, o movimento
cresceu um pouco. "O importador está se mostrando mais disposto a fechar o câmbio. Já o
exportador está percebendo
que era feliz com o dólar a R$
1,60 e não sabia. Afinal, agora
ele não possui linha de crédito
para financiar as suas vendas ,e
os compradores, lá fora, vendo
que o dólar se valorizou ante o
real, começam a pedir desconto
sobre os produtos", comenta
Galhardo.
No começo da noite, o BC já
havia anunciado a realização de
mais um leilão de "swap" cambial nesta sexta-feira. Ontem,
negociou contratos no montante total de US$ 911 milhões.
A instituição não divulga oficialmente quanto vendeu de dinheiro vivo, porém os operadores estimam que tenha sido
uma quantidade semelhante à
das operações de quarta-feira,
entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões -o que representa menos de 1% das reservas internacionais do país, atualmente em
US$ 208 bilhões.
Como fatores de pressão para as cotações, continuam os
boatos de que mais empresas
virão a público nos próximos
dias para informar prejuízos
com transações arriscadas no
mercado de câmbio futuro e a
especulação. Se, durante o dia,
ontem, o dólar chegou à mínima de R$ 2,146 mas diminuiu a
queda no final, significa que os
bancos que compraram do BC a
moeda a R$ 2,168 podiam vendê-la com lucro horas depois.
A ação do BC também tem
como objetivo inibir os especuladores. No entanto é muito difícil fazer previsões para os rumos da moeda americana porque os problemas fundamentais que causaram a valorização
de do real ante o dólar -41%
desde 1º de agosto- ainda estão
presentes.
O temor de uma recessão
longa e grave, que provocou pânico em Wall Street ontem, faz
com que os investidores estrangeiros corram para tirar
seu dinheiro de ativos e países
considerados menos seguros e
se refugiar nos títulos do Tesouro dos EUA. Eles também
precisam do dinheiro para cobrir as perdas com a crise.
Além disso, assim como outros países emergentes, o Brasil
deve ver a demanda internacional pelos seus produtos diminuir, reduzindo as suas exportações, o que significa menor
entrada de dólares.
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