São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Com alta do dólar, BC tem ganhos de R$ 6,5 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a disparada do dólar nas últimas semanas, o Banco Central passou a ter ganhos bilionários com as chamadas operações de "swap cambial reverso", contratos negociados com bancos que correspondem a uma compra da moeda dos EUA no mercado futuro.
No mês passado, quando o dólar acumulou uma alta de 17%, esse tipo de transação rendeu R$ 6,507 bilhões ao BC, revertendo uma série de prejuízos ocorridos nos meses anteriores, em que a tendência no mercado de câmbio era de valorização do real. Graças a esse lucro, o resultado acumulado entre janeiro e setembro ficou positivo em R$ 1,962 bilhão. No ano passado, com o dólar em queda, as perdas somaram R$ 8,812 bilhões.
Nas operações de "swap reverso", o mecanismo é o seguinte: o BC se compromete a pagar aos bancos toda a variação do dólar que ficar acumulada em um certo período, e recebe, em troca, uma determinada taxa de juros. Por isso, nesse caso o BC ganha sempre que o dólar sobe.
Até a semana passada, o BC possuía cerca de US$ 23 bilhões em contratos de "swap reverso" em circulação no mercado.
Os ganhos do BC com a negociação do "swap reverso" ajudam a explicar parte da falta de liquidez que o sistema bancário enfrenta atualmente, já que, tendo que cobrir prejuízos sofridos nas últimas semanas, os bancos precisaram gastar um volume muito grande de reais, o que reduziu o volume de recursos disponível para transações do dia-a-dia, como operações de crédito.
Desde o final de setembro, já foram alteradas, em três ocasiões, as regras sobre o funcionamento do recolhimento compulsório, parcela dos depósitos bancários que as instituições financeiras são obrigadas a transferir para o BC. O objetivo das alterações foi, justamente, aumentar a disponibilidade de reais no caixa dos bancos.
A expectativa é que, ao todo, essas mudanças possam injetar até R$ 59,9 bilhões nos bancos. Mas, como as novas regras passam a vigorar de forma gradual, em setembro apenas R$ 1,766 bilhão havia chegado às mãos das instituições financeiras.


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