São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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ECONOMIA DE GUERRA

PPI recua 1,6% em outubro, a maior queda desde 1947, e expõe fraqueza da atividade econômica

Preços desabam e indicam recessão nos EUA

DA REDAÇÃO

Ficou mais evidente ontem a possibilidade de os Estados Unidos viverem um período de recessão. Em outubro, o preço das mercadorias no atacado caiu 1,6%, o maior recuo mensal desde que o indicador começou a ser calculado, em 1947.
A última vez em que os preços no atacado registraram queda nos EUA foi durante a crise asiática (1997-98), mas naquele período o país não estava no limiar de uma recessão, como agora. A queda no Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla e inglês) atesta a fraqueza no consumo e na atividade econômica de uma maneira geral.
Isso fica mais evidente pelo fato de que a categoria que mais recuou no mês passado foi energia (deflação de 7,7%). O preço da gasolina no atacado despencou 21,2%, o maior declínio em 15 anos, um reflexo da queda nas viagens feitas pelos americanos.
Excluindo energia e alimentos (cujos preços são bastante voláteis), também houve queda, mas não tão intensa. De acordo com o Departamento do Trabalho, o chamado núcleo do PPI declinou 0,5% no mês passado.

Armadilhas
Para um país que sofreu com a hiperinflação, como o Brasil, deflação pode parecer uma boa notícia, mas esconde armadilhas. Se os preços caem, as empresas trabalham com uma margem de lucro menor. Resultado: menos investimentos e mais demissões.
Por outro lado, o recuo no preço de energia (dos combustíveis em especial) reduz o custo de produção e de transportes dos produtos, dando algum estímulo à indústria. Com preços em queda, o Federal Reserve (BC dos EUA) tem maior margem de manobra para executar novas reduções nos juros a fim de animar a economia.
"Ainda não acho que seja o momento de começar a debater o eventual risco de uma deflação", disse o economista Anthony Karydakis, do Banc One. "Acho importante termos em mente que o PPI é muito mais volátil do que o CPI [índice preços ao consumidor, que está em torno de 2,5%" e, por isso, propenso a trazer esse tipo de surpresa."


Com agências internacionais

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