São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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FINANCIAMENTO

Até outubro, entraram US$ 16 bi; governo prevê queda total de 42%

Investimento direto cai 33% no ano

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os investimentos diretos estrangeiros no Brasil em outubro somaram US$ 1,3 bilhão, segundo o Banco Central. O volume no ano chegou a US$ 16,5 bilhões, queda de 33% na comparação com o mesmo período de 2000.
Apesar da queda, o volume se manteve estável em relação ao US$ 1,49 bilhão de setembro e ao US$ 1,41 bilhão de agosto.
O diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, disse à Folha que os números de setembro e outubro mostram que o ataque terrorista aos EUA não afetaram de forma significativa o fluxo de investimentos para o Brasil.
"Certamente não ajudou. Mas os números mostram que os investimentos diretos são mais resistentes a mudanças de humor do mercado internacional", afirmou. De acordo com Goldfajn, a redução no fluxo de investimento externo já era esperada, por causa da desaceleração da economia mundial que já vinha ocorrendo mesmo antes de 11 de setembro.
A estimativa do BC é que, até o final do ano, os investimentos estrangeiros cheguem a US$ 19 bilhões. Para que isso aconteça, é preciso que o país receba US$ 1,25 bilhão por mês até dezembro. Neste ano, os estrangeiros investiram no Brasil, em média, US$ 1,66 bilhão por mês. Caso a previsão do BC seja confirmada, o volume de investimentos estrangeiros recebido pelo país terá caído 42% em relação ao ano passado. Em 2000, empresas estrangeiras investiram o valor recorde de US$ 32,8 bilhões no Brasil.
Para o ano que vem, espera-se uma queda ainda maior. A projeção do BC é que os estrangeiros invistam US$ 16 bilhões no Brasil em 2002, metade do volume recebido no ano passado.
Neste ano, os investimentos estrangeiros vão cobrir 34% do total de recursos que o Brasil precisa para fechar as contas externas. Segundo o BC, serão necessários US$ 56 bilhões para o país equilibrar seu balanço de pagamentos -que contabiliza todos os dólares que entram e saem do país.
O resto vem de empréstimos contraídos no exterior pelos setores público e privado. Além disso, o governo contou com US$ 6,7 bilhões emprestados pelo FMI.
Quando há um desequilíbrio no balanço de pagamentos, uma das consequências é a alta do dólar. A valorização da moeda nos EUA costuma levar a uma melhora no resultado da balança comercial, o que faz com que as contas externas voltem ao equilíbrio.


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