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Brasil teme conluio de UE e EUA sobre agricultura
DO ENVIADO ESPECIAL A DOHA
A delegação brasileira avisou
ontem à norte-americana que não
vai aceitar uma eventual composição entre Estados Unidos e
União Européia que leve a um
texto aguado sobre agricultura.
A advertência foi feita em encontro entre o ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini
de Moraes, e sua contraparte norte-americana, Ann Veneman.
O motivo da desconfiança: antes da reunião bilateral, Veneman
havia passado pelo encontro do
grupo de Cairns (os 18 maiores
produtores e exportadores agrícolas, Brasil inclusive), para reiterar apoio à proposta de liberalização da agricultura.
Mas não deixou de observar que
os europeus tinham dificuldade
em aceitar o texto proposto.
"Piorar o que já está não dá",
reage Pedro de Camargo Neto,
que faz sua estréia na OMC como
funcionário do Ministério da
Agricultura.
A desconfiança do pessoal brasileiro de agricultura tem, na verdade, raízes bem mais remotas.
Durante a Rodada Uruguai
(1986/94), agricultura também
emperrou as negociações, até que
Europa e Estados Unidos se acertaram em torno de uma liberalização limitadíssima e empurraram-na goela abaixo dos outros
países (o que ficou conhecido como acordo de Blair House).
Agora, há um verdadeiro campeonato entre EUA e UE para ver
quem é mais favorável, no discurso, à abertura agrícola.
"Ninguém faz mais que a União
Européia para manter a chama do
sistema multilateral de comércio", proclama Pascal Lamy, o comissário europeu do Comércio.
Questionado sobre as críticas ao
protecionismo europeu, embora
também utilize mecanismos do
gênero, um alto funcionário norte-americano responde: "Os EUA
têm que se defender das práticas
dos outros".
Tudo somado, a discussão sobre agricultura pode acabar se resolvendo na questão de datas para
encerrá-la com uma abertura tão
suculenta quanto seja possível obter de Europa e Estados Unidos.
(CR)
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