São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2004

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Gerdau bate bancos no 3º trimestre

DA REPORTAGEM LOCAL

As siderúrgicas brasileiras disputam com os grandes bancos, neste ano, a corrida pelo maior lucro. Até ontem, os balanços já divulgados referentes a janeiro/setembro de 2004, mostravam que o setor financeiro segue na liderança, graças ao resultado obtido pelo Itaú, de R$ 2,75 bilhões. Mas na sua cola está a Gerdau, com lucro de R$ 2,19 bilhões no período, segundo levantamento feito pela Economática para a Folha.
Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina, lembra que, historicamente, os bancos batem o setor industrial em rentabilidade. "Mas, ocasionalmente, uma ou outra empresa pode apresentar um lucro e uma rentabilidade superiores aos dos bancos", diz ele.
Nos primeiros nove meses deste ano, enquanto a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Itaú foi de 26,7%, a Gerdau obteve 45,1%. "Isso é completamente atípico, deve-se às receitas recordes e às exportações", diz Rivero.
Só no terceiro trimestre, a Gerdau teve um lucro de R$ 1 bilhão, ultrapassando nesse período o Itaú, que lucrou R$ 920,4 milhões. "Em 18 anos, pela primeira vez a Gerdau apresentou o maior lucro trimestral entre as empresas de capital aberto", diz Rivero.
Neste ano, o lucro das siderúrgicas foi impulsionado pelo aumento de 51% nos preços de todos os tipos de aços no mercado internacional, segundo Germano Mendes de Paula, professor da Universidade Federal de Uberlândia e especialista no setor siderúrgico.
"O que impactou o resultado das siderúrgicas foi o preço, puxado pelas importações da China, até abril, e pelo aumento da demanda dos EUA durante o ano todo", diz ele. O preço do aço (considerados todos os tipos) subiu 103% no mercado americano, um dos grandes compradores do Brasil neste ano.
Na sua opinião, o volume de produção e vendas externas não cresceu o suficiente para produzir lucros tão gordos como os registrados pelas empresas do setor. "Até agosto, a produção de aço brasileira aumentou 4,4%, e as exportações, 3,9%; o lucro não se explica por aí", afirma.

Rentabilidade
Se nas comparações individuais há casos como o da CSN, com lucro maior que do Banespa, por exemplo, os resultados consolidados mostram o setor bancário à frente - como sempre esteve, segundo Rivero.
Considerando-se só os balanços já divulgados, a mediana da rentabilidade dos bancos, nos 12 meses encerrados em setembro, é de 22,6%, segundo a Economática. A mediana das indústrias foi 6,6%.
Fernando Exel, presidente da Economática, explica que a mediana não representa a média do setor, é o ponto que divide a amostra ao meio. "Isso significa que metade dos bancos estão acima desses 22,6% de rentabilidade e metade abaixo dela", diz Exel.
Ele alerta que esse percentual é elevado devido ao fato de só os grandes bancos terem divulgado balanços até ontem. "Quando entrarem os menores, essa rentabilidade deve cair." Em 2003 a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos foi de 14,9%, e das indústrias, 6,2% ao ano. Nos EUA, a rentabilidade dos bancos é de 14%, e a das indústria, em torno de 10% ao ano. (SB)


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