São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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Idealizador da Nasdaq defende capital de risco

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Doutor em administração e física e um dos idealizadores da bolsa eletrônica Nasdaq, o inglês Willian Bygrave, 68, disse que ""não é saudável para a economia de um país concentrar seus investimentos numa atividade sem risco".
Ele fez a colocação ao analisar, em Curitiba, a política de juro alto no Brasil, que leva empresas a concentrar recursos em fundos financeiros. "É um erro concentrar o investimento em atividade sem risco [como a aplicação financeira]. Não é saudável criar fundos e fundos de investimentos. Se não houver aposta em empreendedorismo, um país não avança em tecnologia, não se renova. Você tem que ter o capital de risco para estimular e estruturar o desenvolvimento econômico", disse.
Numa palestra dirigida a executivos de empresas, Bygrave apresentou um estudo que coloca o Brasil no 40º lugar no ranking de países que mais investem em capital de risco. O chamado "venture capital" é responsável pelos avanços tecnológicos que o mundo vem usufruindo nos últimos 60 anos, disse ele. O consultor cita a indústria da informação e a internet como os maiores ganhos.
O líder em investimentos no setor é Israel, que aplica 1% do seu PIB anual em novos empreendimentos, principalmente na chamada indústria do conhecimento. Os Estados Unidos vêm a seguir, com 0,2% do PIB. Bygrave disse que os mercados emergentes da China e da Índia estão surpreendendo nessa atividade de risco.
Bygrave disse que os investimentos em capital de risco ainda é incipiente no patrocínio de projetos, mesmo nos EUA. No ano passado, cerca de 800 empresas americanas receberam aporte do capital de risco pela primeira vez. Disputaram US$ 6 bilhões entre 3,4 milhões de novos empreendimentos abertos no período.
Sobre a Nasdaq, nascida há 15 anos com a proposta de se tornar global, disse que ela acabou limitada a EUA, Canadá e Israel- ou como segundo pregão de países europeus e do Japão-, devido ao conservadorismo dos mercados, "dominados por homens, chauvinistas e nacionalistas".


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