São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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FEBRE AFTOSA

Fiscais localizam 760 doses perdidas no município de Conchas (SP); governo quer identificar proprietário

Defesa sanitária acha vacina em estrada

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A Coordenadoria de Defesa Agropecuária estadual de São Paulo anunciou que foram encontrados 76 frascos de vacina contra febre aftosa -com dez doses cada um- jogados em estrada próxima Conchas (194 km a noroeste de SP).
As vacinas descartadas podem ser um indício de uma prática utilizada por alguns pecuaristas: comprar as vacinas, já que há a obrigatoriedade de apresentar as notas fiscais delas à Coordenadoria de Defesa Agropecuária, mas não aplicar o produto no gado no período de vacinação.
"Eu nunca vi, mas dizem que existe isso: para não ter o trabalho de aplicar a vacina, o produtor joga fora", disse o diretor da Associação de Produtores Rurais de Conchas, Aderci Silveira.
Para serem imunizados, os animais precisam ser manejados dentro da propriedade, o que geralmente faz com que percam peso e se desvalorizem. Além disso, pode surgir no local da aplicação da vacina um tumor que precisa ser removido ao vender a carne.
De acordo com um levantamento feito nas lojas de produtos agropecuários, cada frasco com dez doses da vacina contra aftosa custa de R$ 11,50 a R$ 13,00.
Segundo a veterinária Lucília Mariano Fexina, que presta serviço à Coordenadoria de Defesa Agropecuária em Conchas, as lojas locais já informaram que o lote encontrado na estrada não foi vendido recentemente.
A coordenadoria vai tentar identificar o proprietário da vacina a partir das informações de semestres anteriores.
Nas notas fiscais das vacinas ficam registrados o fabricante, o lote do produto e o nome do comprador e da propriedade onde os animais serão vacinados.
O período de vacinação contra a febre aftosa começa normalmente no dia 1º de novembro, mas neste ano foi antecipado para o dia 26 de outubro por causa da confirmação do foco da doença em Mato Grosso do Sul.
A antecipação foi necessária porque os animais nascidos após junho não tinham ainda sido vacinados e, portanto, estavam mais expostos a um eventual reaparecimento da doença no Estado.
As vacinas encontradas em Conchas valem até dezembro deste ano e, segundo Fexina, devem ter sido fabricadas em 2003.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Agricultura do Estado, órgão ao qual a Coordenadoria de Defesa Agropecuária é ligada, informou que não é comum encontrarem frascos de vacinas jogados fora e que o índice de vacinação no Estado é superior a 99%.

No Paraná
O Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário) de Belém (PA) concluiu os exames sobre as suspeitas de febre aftosa no gado do Paraná e o resultado foi enviado ontem para o Ministério da Agricultura. O coordenador da unidade, Aírton Nogueira, deu o indicativo de que o resultado será negativo, mas não quis confirmar.
Nogueira disse, em entrevista por telefone, que não poderia adiantar o conteúdo do envelope, mas que ele contém "boa notícia". "Quem vai divulgar são eles lá de Brasília [o ministro Roberto Rodrigues e técnicos do ministério], mas há boa notícia para o Paraná", disse o coordenador.
O ministro deve divulgar hoje o resultado. Boa notícia para o Estado é um diagnóstico negativo.


Colaborou a Agência Folha, em Curitiba

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