São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Prévia do IGP-M bate recorde e atinge 2,61%, mas mostra recuo no IPA e mais repasses para o consumidor

Inflação diminui no atacado e sobe no varejo

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma ligeira desaceleração da alta dos preços no atacado não foi suficiente para neutralizar a forte aceleração no varejo, e a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) de dezembro atingiu 2,61% e superou em 0,30 ponto percentual a primeira de novembro (2,31%). Alimentos e transportes lideraram a alta no varejo.
Como havia sido em novembro, mais uma vez a prévia foi recorde do Plano Real, inferior apenas à primeira de agosto de 1994 (7,58%), quando o índice ainda estava contaminado pela hiperinflação anterior ao plano. Os preços no varejo, medidos pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor), subiram 2,60%, mais que o dobro da alta de 1,22% registrada na primeira prévia de novembro. O IPC equivale a 30% do IGP-M.
A aceleração do IPC anulou com sobras o ligeiro alento vindo do IPA (Índice de Preços por Atacado), que variou 2,70%, contra os 2,94% verificados na primeira prévia do mês passado. O IPA representa 60% na composição do índice geral.
O número parcial do IGP-M divulgado ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) significa que nos últimos dez dias de novembro os preços apurados por ela subiram mais da metade da alta verificada nos 30 dias de pesquisa que resultaram no IGP-M integral de novembro (de 21 de outubro a 20 de novembro), quando o índice alcançou 5,19%.
A FGV divulga a cada dez dias um resultado parcial do IGP-M, um índice de preços que é calculado sob encomenda da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto). A Andima congrega a maior parte das instituições do mercado financeiro do país.

Desacelerando
Apesar dos números elevados, o economista Salomão Quadros, coordenador da equipe da FGV responsável pelo cálculo do índice, viu nos números sinais de esgotamento da escalada inflacionária. "Já há sinais de que o processo inflacionário desacelerou um pouco", disse.
Quadros disse que o IPA, por ser um indicador de preços industriais, sinaliza o comportamento futuro dos preços no varejo. Segundo ele, a desaceleração no atacado só não foi maior porque ela ainda está influenciada pelo aumento dos combustíveis nas refinarias ocorridos em novembro.
Como exemplos de que a situação no atacado começa a melhorar, o economista mostrou que o trigo teve queda de preços de 3,95%; o cacau, de 7,98%; e a soja, de 0,26% na primeira prévia de dezembro. Trigo e soja, especialmente, vinham sendo dois dos principais vilões da alta de preços.
No varejo, os preços dos alimentos continuaram em forte alta e passaram de 2,19% na primeira prévia de novembro para 3,63% na primeira de dezembro. Mas o grupo dos transportes foi o que apresentou a maior alta individual na composição do IPC, com 5,37%, contra 1,66% na primeira prévia de novembro.
O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que havia tido variação de 1,03% na primeira prévia de novembro, aumentou 2,01% na primeira de dezembro. O INCC corresponde a 10% do índice geral.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Mercado espera alta dos juros para 23%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.