São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

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LUA-DE-MEL

Horst Köhler afirma a empresários e banqueiros que as pessoas deveriam ter mais confiança no novo governo

Número um do FMI está otimista com Lula

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Durante almoço com banqueiros e empresários no sábado, em São Paulo, o diretor gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler, manifestou mais otimismo com o governo do PT do que uma boa parte dos presentes. De acordo com o que a Folha apurou, ele disse que as pessoas deveriam ter mais confiança no novo governo.
No encontro, organizado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Köhler disse que ficou muito bem impressionado com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e com Antônio Palocci, o provável ministro da Fazenda do novo governo. Köhler disse que os dois manifestaram bastante preocupação com a necessidade de controle fiscal. Ele se reuniu com os dois pouco antes do almoço.
Num determinado momento do encontro, Kohler perguntou aos presentes se eles estavam tranquilos com o novo governo. Um banqueiro respondeu que estaria mais tranquilo se já soubesse o nome do futuro presidente do Banco Central.
Também houve, entre os banqueiros, quem defendesse a necessidade de aumento do superávit primário para 5% do PIB e a elevação dos juros como remédios para conter a inflação.
De acordo com o que a Folha apurou, Köhler fez o papel de bombeiro. Ele não compartilhou da mesma preocupação em relação ao fato de não se saber o nome do futuro presidente do BC e tampouco defendeu o aumento dos juros e do superávit primário.
Sobre o futuro presidente do BC, Köhler disse que, na conversa com Lula, o presidente eleito teria lhe dito que estaria disposto a conceder autonomia operacional ao Banco Central.
Já em relação ao aumento do superávit primário, Köhler disse que Lula teria lhe garantido também que iria encaminhar para o Congresso, no início do governo, a reforma da Previdência, antes da reforma tributária. Segundo ele, isso teria um efeito muito mais importante do que discutir se a meta de superávit primário para o ano que vem deveria ser de 3,75%, de 4% ou de 5%.
De acordo com um dos presentes, Köhler não indicou qualquer sinal de que o FMI estaria disposto a aumentar a meta do superávit primário de 3,75% prevista para 2003.
O diretor-gerente do FMI afirmou também que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, por seu passado como líder sindical, teria totais condições para obter êxito nas negociações da reforma da Previdência.
No final, os empresários saíram com a convicção de que o FMI irá dar total apoio ao novo governo. Para um dos presentes, Köhler deixou bastante claro que o FMI de hoje é muito mais flexível do que aquele de pouco tempo atrás, quando exigia um receituário ortodoxo a todos os países.
Segundo a avaliação geral, o FMI colecionou uma série de fracassos com seu receituário. O maior deles foi a Argentina. Agora, o Fundo estaria apostando todas suas fichas no sucesso do Brasil para melhorar sua imagem.
No encontro de sábado com Köhler, estiveram presentes os banqueiros Gabriel Jorge Ferreira (Febraban), Roberto Setubal (Itaú), Fernão Bracher (BBA), Fernando Sotelino (Unibanco), Gabriel Jaramillo (Santander), Carlos Alberto Vieira (Safra), Antônio Bornia (Bradesco) e Gustavo Marín (Citibank). Também estiveram no almoço os empresários Ivoncy Ioschpe (Iedi), Boris Tabakof (Suzano) e Eugênio Staub (Gradiente).


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