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LUA-DE-MEL
Horst Köhler afirma a empresários e banqueiros que as pessoas deveriam ter mais confiança no novo governo
Número um do FMI está otimista com Lula
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Durante almoço com banqueiros e empresários no sábado, em
São Paulo, o diretor gerente do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler, manifestou
mais otimismo com o governo do
PT do que uma boa parte dos presentes. De acordo com o que a Folha apurou, ele disse que as pessoas deveriam ter mais confiança
no novo governo.
No encontro, organizado pela
Febraban (Federação Brasileira
de Bancos), Köhler disse que ficou muito bem impressionado
com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e com Antônio
Palocci, o provável ministro da
Fazenda do novo governo. Köhler
disse que os dois manifestaram
bastante preocupação com a necessidade de controle fiscal. Ele se
reuniu com os dois pouco antes
do almoço.
Num determinado momento
do encontro, Kohler perguntou
aos presentes se eles estavam
tranquilos com o novo governo.
Um banqueiro respondeu que estaria mais tranquilo se já soubesse
o nome do futuro presidente do
Banco Central.
Também houve, entre os banqueiros, quem defendesse a necessidade de aumento do superávit primário para 5% do PIB e a
elevação dos juros como remédios para conter a inflação.
De acordo com o que a Folha
apurou, Köhler fez o papel de
bombeiro. Ele não compartilhou
da mesma preocupação em relação ao fato de não se saber o nome
do futuro presidente do BC e tampouco defendeu o aumento dos
juros e do superávit primário.
Sobre o futuro presidente do
BC, Köhler disse que, na conversa
com Lula, o presidente eleito teria
lhe dito que estaria disposto a
conceder autonomia operacional
ao Banco Central.
Já em relação ao aumento do superávit primário, Köhler disse
que Lula teria lhe garantido também que iria encaminhar para o
Congresso, no início do governo,
a reforma da Previdência, antes
da reforma tributária. Segundo
ele, isso teria um efeito muito
mais importante do que discutir
se a meta de superávit primário
para o ano que vem deveria ser de
3,75%, de 4% ou de 5%.
De acordo com um dos presentes, Köhler não indicou qualquer
sinal de que o FMI estaria disposto a aumentar a meta do superávit
primário de 3,75% prevista para
2003.
O diretor-gerente do FMI afirmou também que o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva,
por seu passado como líder sindical, teria totais condições para obter êxito nas negociações da reforma da Previdência.
No final, os empresários saíram
com a convicção de que o FMI irá
dar total apoio ao novo governo.
Para um dos presentes, Köhler
deixou bastante claro que o FMI
de hoje é muito mais flexível do
que aquele de pouco tempo atrás,
quando exigia um receituário ortodoxo a todos os países.
Segundo a avaliação geral, o
FMI colecionou uma série de fracassos com seu receituário. O
maior deles foi a Argentina. Agora, o Fundo estaria apostando todas suas fichas no sucesso do Brasil para melhorar sua imagem.
No encontro de sábado com
Köhler, estiveram presentes os
banqueiros Gabriel Jorge Ferreira
(Febraban), Roberto Setubal
(Itaú), Fernão Bracher (BBA),
Fernando Sotelino (Unibanco),
Gabriel Jaramillo (Santander),
Carlos Alberto Vieira (Safra), Antônio Bornia (Bradesco) e Gustavo Marín (Citibank). Também estiveram no almoço os empresários Ivoncy Ioschpe (Iedi), Boris
Tabakof (Suzano) e Eugênio
Staub (Gradiente).
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