São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

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CRISE NO AR

Conflito entre os credores da companhia ameaça plano para que BNDES participe da reestruturação financeira

Disputa pode inviabilizar socorro à Varig

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa entre credores da Varig pode inviabilizar de vez o plano que a companhia tinha para que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) participasse de sua reestruturação financeira.
A Folha apurou ontem que parte dos credores, como o Unibanco, recebeu de fato em novembro US$ 118 milhões como pagamento de dívidas. O problema é que eles não repassaram o valor novamente para a Varig, como estava acertado. Com isso, outros credores, como a Boeing e GE, não receberam nenhum centavo.
Para Élvio Borges, sócio da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig), a atitude do Unibanco de incorporar recursos que deveriam ser repassados para outros credores é ilegal. "Já notificamos a Varig sobre a violação da Lei das S.A, que impede que um só credor seja privilegiado."
Tanto a Varig como o Unibanco, que ficou com US$ 67 milhões dos US$ 118 milhões que deveriam ser repassados novamente à companhia (os credores receberiam ações em troca), podem ser processados pela violação da lei.
O favorecimento do Unibanco ocorreu durante a gestão de Arnin Lore na presidência da Varig. Ele deixou a empresa em novembro, após se desentender com Yutaka Imagawa, presidente do conselho da Fundação Ruben Berta, controladora da Varig.
Atualmente há divisão entre os credores da Varig devido ao não-repasse dos US$ 118 milhões. O presidente da empresa, Manuel Guedes, terá dificuldades para conseguir um novo consenso e atrair o BNDES.
O clima de desentendimento entre credores como o Unibanco e a Varig ficou explícito durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no dia 26 de novembro. Álvaro Sá Freire Júnior, diretor-executivo do Unibanco, confirmou que em princípio o banco repassaria em dinheiro os US$ 67 milhões que havia recebido da Varig. O repasse não ocorreu por causa dos desentendimentos com Imagawa.

BR Distribuidora
A BR Distribuidora, que abastece as aeronaves com querosene, tem créditos a receber de R$ 160 milhões da Varig. Atualmente libera o combustível mediante o pagamento diário de R$ 5,6 milhões, que correspondem a quanto a Varig consome de querosene a cada 24 horas. A Folha apurou que o presidente da Varig, Manuel Guedes, entregou um plano de refinanciamento da dívida com a BR na sexta-feira. A direção da BR estuda o plano.


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