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CRISE NO AR
Conflito entre os credores da companhia ameaça plano para que BNDES participe da reestruturação financeira
Disputa pode inviabilizar socorro à Varig
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa entre credores da Varig pode inviabilizar de vez o plano que a companhia tinha para
que o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) participasse de sua reestruturação financeira.
A Folha apurou ontem que parte dos credores, como o Unibanco, recebeu de fato em novembro
US$ 118 milhões como pagamento de dívidas. O problema é que
eles não repassaram o valor novamente para a Varig, como estava
acertado. Com isso, outros credores, como a Boeing e GE, não receberam nenhum centavo.
Para Élvio Borges, sócio da Apvar (Associação dos Pilotos da
Varig), a atitude do Unibanco de
incorporar recursos que deveriam ser repassados para outros
credores é ilegal. "Já notificamos a
Varig sobre a violação da Lei das
S.A, que impede que um só credor
seja privilegiado."
Tanto a Varig como o Unibanco, que ficou com US$ 67 milhões
dos US$ 118 milhões que deveriam ser repassados novamente à
companhia (os credores receberiam ações em troca), podem ser
processados pela violação da lei.
O favorecimento do Unibanco
ocorreu durante a gestão de Arnin Lore na presidência da Varig.
Ele deixou a empresa em novembro, após se desentender com Yutaka Imagawa, presidente do conselho da Fundação Ruben Berta,
controladora da Varig.
Atualmente há divisão entre os
credores da Varig devido ao não-repasse dos US$ 118 milhões. O
presidente da empresa, Manuel
Guedes, terá dificuldades para
conseguir um novo consenso e
atrair o BNDES.
O clima de desentendimento
entre credores como o Unibanco
e a Varig ficou explícito durante
reunião da Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado, no dia 26
de novembro. Álvaro Sá Freire Júnior, diretor-executivo do Unibanco, confirmou que em princípio o banco repassaria em dinheiro os US$ 67 milhões que havia recebido da Varig. O repasse não
ocorreu por causa dos desentendimentos com Imagawa.
BR Distribuidora
A BR Distribuidora, que abastece as aeronaves com querosene,
tem créditos a receber de R$ 160
milhões da Varig. Atualmente libera o combustível mediante o
pagamento diário de R$ 5,6 milhões, que correspondem a quanto a Varig consome de querosene
a cada 24 horas. A Folha apurou
que o presidente da Varig, Manuel Guedes, entregou um plano
de refinanciamento da dívida
com a BR na sexta-feira. A direção
da BR estuda o plano.
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