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Enfraquecimento da classe média trava crescimento do país
Estrato representa menos de 32% do total de famílias no Brasil, mas responde por 50% de todo o mercado consumidor
Participação do segmento no total da renda no país
cai de 47% em 1990
para 43% em 2002,
segundo dados da ONU
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de representar menos de 32% do total das famílias
no Brasil, a classe média responde por 50% de todo o mercado consumidor no país.
Seu encolhimento e precarização representam um obstáculo a mais ao crescimento do
consumo, do investimento e da
atividade econômica.
Na comparação com a maioria dos países da América Latina, a partir de 1990 foi a classe
média brasileira quem mais encolheu -tendo em conta a participação desse grupo no total
da renda de cada país.
Segundo dados das Nações
Unidas (até 2002), a participação da classe média no total da
renda no Brasil encolheu de
47% em 1990 para 43% em
2002. A tendência pode ter se
acentuado mais recentemente.
Nos últimos anos, o crescimento do PIB brasileiro tem ficado sistematicamente atrás
do de outros países da América
Latina e da média da região.
A médio prazo, países com
maior crescimento e com mercados mais vigorosos tendem a
atrair mais investimento produtivo internacional em detrimento de quem cresce menos.
"A diminuição do mercado é
mais um fator de constrangimento, além do custo do investimento, que é mais elevado no
Brasil por causa dos juros elevados. Na comparação entre os
Bric [Brasil, Rússia, Índia e
China], o Brasil perde terreno
sistematicamente na atração
de mais capital produtivo", afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Proporcionalmente, os
maiores gastos da classe média
estão concentrados principalmente em serviços relacionados a educação, saúde, transportes e recreação e cultura.
Uma das maiores diferenças
entre as despesas das famílias
mais pobres e as de classe média está na educação, segundo o
"Atlas da Nova Estratificação
Social do Brasil".
Enquanto as primeiras dedicam apenas 0,9% de seus gastos
totais ao ensino, a classe média
consome cerca de 4%.
O fato é mais um canal para a
perpetuação da desigualdade
social, já que quem entrar no
mercado de trabalho com mais
educação possivelmente terá
acesso às melhores vagas.
(FCZ)
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