São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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Enfraquecimento da classe média trava crescimento do país

Estrato representa menos de 32% do total de famílias no Brasil, mas responde por 50% de todo o mercado consumidor

Participação do segmento no total da renda no país cai de 47% em 1990 para 43% em 2002, segundo dados da ONU

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de representar menos de 32% do total das famílias no Brasil, a classe média responde por 50% de todo o mercado consumidor no país.
Seu encolhimento e precarização representam um obstáculo a mais ao crescimento do consumo, do investimento e da atividade econômica.
Na comparação com a maioria dos países da América Latina, a partir de 1990 foi a classe média brasileira quem mais encolheu -tendo em conta a participação desse grupo no total da renda de cada país.
Segundo dados das Nações Unidas (até 2002), a participação da classe média no total da renda no Brasil encolheu de 47% em 1990 para 43% em 2002. A tendência pode ter se acentuado mais recentemente.
Nos últimos anos, o crescimento do PIB brasileiro tem ficado sistematicamente atrás do de outros países da América Latina e da média da região.
A médio prazo, países com maior crescimento e com mercados mais vigorosos tendem a atrair mais investimento produtivo internacional em detrimento de quem cresce menos.
"A diminuição do mercado é mais um fator de constrangimento, além do custo do investimento, que é mais elevado no Brasil por causa dos juros elevados. Na comparação entre os Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], o Brasil perde terreno sistematicamente na atração de mais capital produtivo", afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Proporcionalmente, os maiores gastos da classe média estão concentrados principalmente em serviços relacionados a educação, saúde, transportes e recreação e cultura.
Uma das maiores diferenças entre as despesas das famílias mais pobres e as de classe média está na educação, segundo o "Atlas da Nova Estratificação Social do Brasil".
Enquanto as primeiras dedicam apenas 0,9% de seus gastos totais ao ensino, a classe média consome cerca de 4%.
O fato é mais um canal para a perpetuação da desigualdade social, já que quem entrar no mercado de trabalho com mais educação possivelmente terá acesso às melhores vagas. (FCZ)


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