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Camargo Corrêa lidera lista das mais internacionalizadas
Construtora passou Gerdau em ranking; empresas reduzem intenção de investir no exterior
Em 2007, apenas 26% das companhias planejavam investir fora; em 2002, eram 82%; investimentos foram de US$ 7 bi no ano passado
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise internacional, antes
mesmo de chegar ao seu auge
no segundo semestre desse
ano, já reduziu a disposição das
grandes empresas brasileiras
de investir no exterior. No ano
passado, apenas 26% das companhias nacionais sem atuação
fora do Brasil tinham planos
para sair do país, segundo pesquisa feita pela Fundação Dom
Cabral, de Minas Gerais, que
será divulgada hoje. Em 2002,
quando o trabalho foi feito pela
primeira vez, 82% das empresas afirmaram querer se transformar numa multinacional.
No ranking da fundação, a
empresa com maior grau de internacionalização é a Camargo
Corrêa Cimentos (veja tabela
nesta página), oitava maior empresa em valor de ativos no exterior. A Gerdau, que na última
pesquisa ocupou o primeiro lugar na lista, aparece em terceiro
agora. O cálculo é feito levando
em conta as vendas, valor dos
ativos e números de empregados no exterior.
"O resultado da pesquisa já
capta sinais de mudança no cenário internacional. Não acredito num refluxo, mas num
crescimento moderado do investimento e pressão para que
os ativos adquiridos no exterior
sejam mais rentáveis. As três
primeiras empresas do ranking
já obtêm mais receita no exterior do que no Brasil", diz o professor Álvaro Cyrino, um dos
responsáveis pela pesquisa.
A Fundação Dom Cabral se
baseou nas respostas de 93 empresas, escolhidas entre as
maiores companhias de capital
nacional, para traçar o perfil
das multinacionais brasileiras.
Nos últimos cinco anos, as
empresas que investiram fora
do Brasil aumentaram bastante
o grau de comprometimento
com o mercado internacional.
Isso pode ser visto em indicadores como a aquisição de fábricas no exterior.
Em 2002, nenhuma das empresas pesquisadas possuía
centros de pesquisa no exterior, somente 10,7% tinha fábricas fora e 20,7%, desenvolvia algum tipo de atividade comercial. Em 2007, a parcela de
companhias com unidades de
produção em outros países já
havia subido para 33% do total
de empresas ouvidas, enquanto
outras 46,4% tinham atividades comerciais no exterior.
A rentabilidade desses investimentos, no entanto, ainda é
inferior ao que as companhias
conseguem obter no mercado
nacional. As empresas dizem
que, em média, as operações
externas contribuem com 8,8%
do lucro antes do pagamento de
impostos, enquanto a rentabilidade total é de 18,7%.
O professor Cyrino explica os
investimentos durante a crise
devem se concentrar em gastos
com manutenção e ampliação
de capacidade. Fusões e aquisições no exterior seriam operações justificadas apenas por um
preço de aquisição muito baixo
ou uma grande oportunidade
de entrada em novos mercados.
"As empresas vão ficar ainda
mais conservadoras", diz o pesquisador.
O aumento no investimento
no exterior não é exclusividade
das empresas brasileiras. É um
fenômeno observado em todos
os países emergente e, nessa
comparação, o Brasil investe
em ritmo menor que México,
Índia, China e Rússia. No ano
passado, as companhias brasileiras gastaram US$ 7,0 bilhões
em investimentos fora do país.
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