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TELEFONIA
Para bancos, pelo menos duas empresas que concorrerão com as atuais não devem receber proposta em licitação
"Espelhos" poderão ficar sem comprador
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
As expectativas positivas da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em relação à licitação das "empresas-espelho" não
irão se confirmar, apurou a Folha.
Bancos de investimento que assessoram os interessados nas empresas que servirão de "espelhos"
-serão criadas para concorrer
com três holdings de telefonia fixa
do país e com a Embratel- avaliam que pelo menos duas das quatro autorizações licitadas não deverão receber propostas: a que cria
a "espelho" da Telesp e a que cria a
"espelho" da Tele Norte Leste.
Ao mesmo tempo, as autorizações para as "espelhos" da Tele
Centro Sul e da Embratel deverão
receber propostas de apenas um
consórcio cada, o que elimina a
concorrência no leilão -marcado
para o próximo dia 15 de janeiro.
A expectativa da Anatel é outra.
O presidente da entidade, Renato
Guerreiro, disse ontem que pelo
menos seis consórcios entregarão
amanhã as propostas financeiras
para as "espelhos".
Guerreiro, porém, já trabalha
com a possibilidade de não vender
todas as quatro autorizações que
estão sendo licitadas.
"Se isso acontecer, não será o fim
do mundo. A gente vai vender o
que der para vender", afirmou o
presidente da Anatel.
As garantias para participação
do leilão serão entregues hoje, na
Bolsa de Valores do Rio.
As propostas financeiras serão
entregues amanhã na sede da Anatel, em Brasília.
²
Desistências
Analistas de mercado consultados pela Folha disseram que as dificuldades financeiras causadas
pela crise internacional e o pouco
tempo entre o leilão da Telebrás
(ocorrido no final de julho deste
ano, antes da moratória russa) e a
licitação das "espelhos" estão impedindo a participação de um número maior de investidores.
A estatal uruguaia Antel (Administración Nacional de Telecomunicaciones), que anunciou sua
participação no leilão da "espelho"
da Telesp, teve de desistir do negócio.
²
Limites
A estratégia desenhada pela Antel envolvia uma parceria com a
Telecom Italia, que foi impedida
pela Anatel de participar da disputa porque já possui 19,9% do controle acionário da Tele Centro
Sul-a legislação brasileira impede que uma mesma empresa controle uma holding fixa e uma "espelho".
Como a Antel não tem recursos
suficientes para disputar a "espelho" da Telesp, teve de sair do negócio.
A falta de crédito internacional
também fará com que a Globo e a
BellSouth (dos EUA) desistam da
"espelho" da Telesp. E, até agora,
nenhum consórcio foi articulado
para disputar a "espelho" da Tele
Norte Leste.
Do leilão da "espelho" da Tele
Centro Sul deverá participar apenas a Qualcomm, fabricante norte-americana de equipamentos de telecomunicação.
Para a "espelho" da Embratel já
está confirmada a participação da
Sprint, também dos EUA, que tentou comprar a operadora no leilão
de privatização da Telebrás.
²
Garantias
As garantias que serão entregues
hoje na Bolsa do Rio de Janeiro representam 10% do preço de referência estabelecido pela Anatel para cada uma das quatro "empresas-espelho".
Esses preços de referência somam R$ 2,2 bilhões (R$ 600 milhões para a "espelho" da Tele
Norte Leste, R$ 500 milhões para a
da Tele Centro Sul, R$ 700 milhões
para a da Telesp e R$ 400 milhões
para a da Embratel).
O consórcio que apresentar uma
proposta financeira inferior ao
preço de referência perderá pontos
na licitação, que poderão ser compensados com uma proposta de
cobertura superior ao limite mínimo estabelecido pela Agência Nacional de Telecomunicações.
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