São Paulo, quinta, 10 de dezembro de 1998

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TELEFONIA
Para bancos, pelo menos duas empresas que concorrerão com as atuais não devem receber proposta em licitação
"Espelhos" poderão ficar sem comprador

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

As expectativas positivas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em relação à licitação das "empresas-espelho" não irão se confirmar, apurou a Folha.
Bancos de investimento que assessoram os interessados nas empresas que servirão de "espelhos" -serão criadas para concorrer com três holdings de telefonia fixa do país e com a Embratel- avaliam que pelo menos duas das quatro autorizações licitadas não deverão receber propostas: a que cria a "espelho" da Telesp e a que cria a "espelho" da Tele Norte Leste.
Ao mesmo tempo, as autorizações para as "espelhos" da Tele Centro Sul e da Embratel deverão receber propostas de apenas um consórcio cada, o que elimina a concorrência no leilão -marcado para o próximo dia 15 de janeiro.
A expectativa da Anatel é outra. O presidente da entidade, Renato Guerreiro, disse ontem que pelo menos seis consórcios entregarão amanhã as propostas financeiras para as "espelhos".
Guerreiro, porém, já trabalha com a possibilidade de não vender todas as quatro autorizações que estão sendo licitadas.
"Se isso acontecer, não será o fim do mundo. A gente vai vender o que der para vender", afirmou o presidente da Anatel.
As garantias para participação do leilão serão entregues hoje, na Bolsa de Valores do Rio.
As propostas financeiras serão entregues amanhã na sede da Anatel, em Brasília.
² Desistências
Analistas de mercado consultados pela Folha disseram que as dificuldades financeiras causadas pela crise internacional e o pouco tempo entre o leilão da Telebrás (ocorrido no final de julho deste ano, antes da moratória russa) e a licitação das "espelhos" estão impedindo a participação de um número maior de investidores.
A estatal uruguaia Antel (Administración Nacional de Telecomunicaciones), que anunciou sua participação no leilão da "espelho" da Telesp, teve de desistir do negócio.
²
Limites
A estratégia desenhada pela Antel envolvia uma parceria com a Telecom Italia, que foi impedida pela Anatel de participar da disputa porque já possui 19,9% do controle acionário da Tele Centro Sul-a legislação brasileira impede que uma mesma empresa controle uma holding fixa e uma "espelho".
Como a Antel não tem recursos suficientes para disputar a "espelho" da Telesp, teve de sair do negócio.
A falta de crédito internacional também fará com que a Globo e a BellSouth (dos EUA) desistam da "espelho" da Telesp. E, até agora, nenhum consórcio foi articulado para disputar a "espelho" da Tele Norte Leste.
Do leilão da "espelho" da Tele Centro Sul deverá participar apenas a Qualcomm, fabricante norte-americana de equipamentos de telecomunicação.
Para a "espelho" da Embratel já está confirmada a participação da Sprint, também dos EUA, que tentou comprar a operadora no leilão de privatização da Telebrás.
² Garantias
As garantias que serão entregues hoje na Bolsa do Rio de Janeiro representam 10% do preço de referência estabelecido pela Anatel para cada uma das quatro "empresas-espelho".
Esses preços de referência somam R$ 2,2 bilhões (R$ 600 milhões para a "espelho" da Tele Norte Leste, R$ 500 milhões para a da Tele Centro Sul, R$ 700 milhões para a da Telesp e R$ 400 milhões para a da Embratel).
O consórcio que apresentar uma proposta financeira inferior ao preço de referência perderá pontos na licitação, que poderão ser compensados com uma proposta de cobertura superior ao limite mínimo estabelecido pela Agência Nacional de Telecomunicações.



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