São Paulo, quinta, 10 de dezembro de 1998

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POLÍTICA ECONÔMICA
Governo terá de encaminhar aos senadores os relatórios trimestrais das metas acertadas com o Fundo
Senado terá prestação de contas com o FMI

da Sucursal de Brasília

O governo terá de encaminhar ao Senado prestações de contas trimestrais relativas ao cumprimento das metas assumidas com o FMI (Fundo Monetário Nacional) no acordo de apoio financeiro ao país.
A exigência consta da resolução aprovada ontem pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), que autorizou o acordo de financiamento de US$ 41,6 bilhões assinado pelo Brasil com o FMI.
O acordo estabeleceu algumas metas para a economia brasileira e previu que o FMI acompanhará, por meio de boletins trimestrais, o esforço do governo brasileiro em cumprir esses objetivos. Agora, essas mesmas análises serão enviadas também para o Senado.
A novidade foi incorporada à resolução pelo relator José Roberto Arruda (PSDB-DF), que é o líder do governo no Congresso. Seu texto foi aprovado ontem com tranquilidade na comissão, com 22 votos favoráveis e 4 contrários.
Votaram contra o acordo os senadores de oposição Eduardo Suplicy (PT-SP), José Eduardo Dutra (PT-SE) e Ademir Andrade (PSB-PA), e o dissidente Roberto Requião (PMDB-PR), cujo partido faz parte da base governista. O acordo será submetido, hoje, à aprovação do plenário do Senado.
Dutra afirmou que os compromissos assumidos pelo Brasil no acordo "seguem o receituário ortodoxo do FMI", sem levar em conta os efeitos negativos que essas políticas poderão ter sobre a sociedade.
No acordo, o governo brasileiro se comprometeu a reduzir o déficit público de 8%, previsão para este ano, a 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país).
Para atenuar o desequilíbrio, o governo elaborou um programa de ajuste baseado no aumento de impostos, o que desaquecerá a economia e elevará o desemprego.
Dutra e Suplicy também reclamaram do fato de o acordo com o BIS (banco central dos bancos centrais) prever revisões periódicas das metas econômicas do Brasil. "Não concordamos com esse acordo em aberto", disse Dutra.
Requião afirmou que o acordo representa a "terceirização da política econômica do Brasil".
Arruda afirmou que os empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial, no total de US$ 9 bilhões, ainda terão de passar, individualmente, pela aprovação do Senado.



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