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INDÚSTRIA
Para Federação, produção cresce 17% sobre 99
Fiesp prevê melhor janeiro do Real
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp) prevê
que este mês será o melhor janeiro desde o início do Plano Real.
A expectativa é que o ritmo de
atividade das fábricas cresça 17%
sobre janeiro de 99 e 1,3% sobre
janeiro de 95, até agora o melhor
janeiro do Real, considerando-se
como base junho de 94.
Essa previsão de crescimento
ocorre em função da expectativa
de aumento das encomendas do
comércio. Levantamento da Fiesp
com 11 setores da indústria mostra que o varejo está repondo as
mercadorias com vontade.
"As vendas do Natal não foram
fantásticas, mas boas o suficiente
para animar a indústria", afirma
Roberto Faldini, diretor da Fiesp.
A reposição de estoques, diz ele,
está sendo mais intensa nas fábricas de brinquedos, de eletrodomésticos e de produtos têxteis.
A Federação do Comércio do
Estado de São Paulo (FCESP) está
mais cautelosa nas projeções para
este mês. "As vendas neste mês
devem ser maiores do que as de
janeiro de 99, só que janeiro de 99
foi muito ruim por conta da desvalorização do Real", diz Rosana
Curzel, economista da federação.
A expectativa da federação é
que o faturamento real do comércio paulista em geral (incluindo as
concessionárias de veículos) tenha caído 3% em 99 na comparação com 98. Excluindo-se as concessionárias, o faturamento deve
crescer 3%.
Segundo a economista, as concessionárias não podem ser desprezadas, pois representam cerca
de 15% do faturamento do comércio paulista. Só perdem para
os supermercados, que correspondem 40% do faturamento.
"Existe a sensação de que a indústria está produzindo mais,
mas isso é sazonal nesta época do
ano em razão das vendas para o
Natal. Não acredito que o Natal de
99 foi tão diferente assim. Não há
razão para comemorar. Crescer
3% sobre um ano em crise é muito pouco."
O Magazine Luiza, rede com 93
lojas, espera comprar da indústria
neste trimestre 20% a mais do que
em igual período de 99. "Vale
lembrar que os primeiros três meses de 99 foram ruins", diz Eldo
Moreno, diretor da rede.
Segundo ele, o saldão realizado
pela empresa no final de semana
resultou em vendas de R$ 11 milhões, 10% maiores do que as do
mesmo evento de 99. "As perspectivas para 2000 são boas."
Natale Dalla Vecchia, diretor da
Lojas Cem, não pode dizer o mesmo. A rede terminou 99 com estoque de cerca de R$ 100 milhões,
equivalente a 52 dias de vendas.
"Esperávamos fechar o ano
com R$ 50 milhões. Acho que
compramos demais." A Cem faturou em dezembro do ano passado 28% a mais que em dezembro de 98, mas não fará encomendas às indústrias até vender as
mercadorias que tem em estoque.
Sem reajustes
O ânimo na produção não deve
servir de estímulo ao aumento de
preços, segundo Faldini. "A defasagem entre custos e preços das
indústrias varia entre 10% e 15%,
mas não vai dar para repassar."
Segundo ele, as negociações de
preços entre indústria e comércio
estão difíceis especialmente em
razão do aumento da concentração das grandes redes. Com mais
lojas, elas acabam ganhando
maior poder de barganha.
Moreno, do Magazine Luiza, diz
que as indústrias estão voltando a
discutir preços nesta semana e
ainda não deu para perceber se
haverá ou não pressão para reajustes. "O caminho do varejo é
buscar alternativas de compra para evitar as altas de preços", diz o
consultor Nelson Barrizzelli.
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